A partir da tarde de quinta-feira (11), um sofrimento que perdurava cerca de 60 dias está prestes a ter fim para uma família de Matinhos, cidade litorânea distante 110 km de Curitiba (PR). A brasileira Mariman Osman Chiah, 21, terá de volta uma de suas integrantes, nas últimas semanas virou notícia internacional em sua tentativa de fugir do marido, suspeito de agredi-la. E a recepção será com festa. Detalhes, a família ainda está planejando, segundo a Folha Online.
Mariman está grávida de cinco meses e tem um filho de 6 anos. Ela disse à família no Brasil que o marido a espancava e a ameaçava de morte. Ela então tentou fugir de casa. Daí começou a saga que incluiu impedimentos de um tribunal religioso ligado ao grupo xiita Hizbollah, proibição de embarque em um aeroporto de Beirute, fuga à pé por montanhas e rio, oito horas dentro de um carro rodando cerca de 600 km e a proibição de se acomodar em um hotel até o desfecho, que incluiu auxílio da embaixada brasileira.
Ela é casada com Ahmad Holeihel, que é apontado como simpatizante do Hizbollah. Mariman tentou embarcar em julho para o Brasil, mas foi impedida. Teve auxílio de uma ONG e viveu em endereços diferentes para tentar escapar dos maus-tratos do marido.
Segundo familiares, a estratégia de deixar o país foi traçada com auxílio de amigos. A rota de fuga incluía deixar a Síria rumo à Turquia, e de lá, seguir para o Brasil.
Ahmed Osman Chiah, irmão de Mariman, afirma que na última sexta-feira (5), ela tentou fugir pela fronteira da Síria com a Turquia. Pegou um táxi, rodou por cerca de oito horas e percorreu quase 600 km. Chegou até a província de Hama. De lá, tentou cruzar à pé com o intuito de atravessar a fronteira. Foi impedida.
"Ela cruzou morros, montanhas e nem avisou a gente para não nos preocupar. Quando chegou na fronteira, quase foi presa por não ter carimbo de passaporte", afirma Ahmed.
Refúgio e volta pra casa
De volta à Síria, contou com a ajuda de um amigo para fazer contato com o consulado brasileiro, em Damasco. Sem dar detalhes, Ahmed afirma que a irmã conseguiu auxílio para sair do país. "O consulado conseguiu tudo", diz Ahmed.
Ele afirma que a irmã saiu por volta das 20h de ontem (horário de Brasília) de Damasco e já está em Istambul (Turquia). Por volta das 19h de hoje (horário de Brasília), ela seguirá para Milão. O vôo que a levará da Itália para o Brasil deve pousar no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos (Grande São Paulo), por volta das 7h de amanhã (11). Ela deverá encontrar a família por volta das 15h.
"Ela nos ligou há cerca de 30 minutos [por volta das 9h30]. Disse estar bem e contente por retornar", disse Ahmed. "A gente vai fazer uma festa pra ela comemorando com parentes que estão vindo", afirma.
Depois da insistência da reportagem, Ahmed passa o telefone à mãe. Com a voz do outro lado da linha num misto de alegria e choro (de felicidade, segundo ela), Mahassen afirma que toda a família está aliviada.
"Hoje, assim como em outros dias, eu não consegui dormir, mas garanto que foi de alegria", disse. Questionada sobre a tensão que viveu nos últimos dias, disse que só na noite de ontem conseguiu "relaxar e sossegar". "Meu corpo, mente, está tudo muito cansado. Mas é motivo de festa [a volta] e nesses últimos dois meses, cada dia era uma história para contar", diz.
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