Nesta terça-feira no Pará, morreu uma aposentada de 63 anos que contraiu doença de Chagas, depois de ingerir açaí. Ela estava internada no hospital João de Barros Barreto, em Belém (PA), havia cerca de 15 dias, afirma a Folha Online.
A Secretaria da Saúde do Estado ainda investiga o caso. De acordo com o órgão, a mulher consumiu a fruta em São João de Pirabas (PA), no final de junho. No mês passado, ela começou a apresentar alguns dos sintomas da doença (síndrome febril, dores de cabeça e pelo corpo, cansaço) já em sua cidade natal --Castanhal (PA).
Maria Soares Seabra foi internada no município, no hospital Francisco Magalhães, onde foi diagnosticada a doença de Chagas aguda. A partir da notificação, foi solicitado um leito no hospital universitário da capital no dia 26 de agosto.
"É preciso avaliar a evolução do quadro da aposentada e realizar outros exames. Não se pode associar açaí a doença de Chagas sempre e trabalhar com um modelo determinista", afirma Walter Amoras, diretor do Departamento de Controle de Endemias da secretaria.
Apesar disso, há elementos que podem confirmar a relação. Um sobrinho da aposentada que também consumiu açaí na cidade do interior do Estado contraiu a enfermidade. Ele não corre risco. Há a hipótese de a fruta ter sido triturada com o barbeiro ou ter sido contaminada por suas fezes.
Segundo a secretaria, essa já é a segunda morte de uma pessoa contaminada por Chagas após o consumo de açaí neste ano. Em 2007, foram registrados 41 casos da doença por via oral no Pará --a maioria em razão da ingestão da fruta. Amazonas e Amapá também tiveram casos nos últimos meses.
Antes, eram registrados, em média, 12 casos por ano na região amazônica por via oral.
Amoras confirma que havia uma subnotificação dos casos até então, mas diz que está sendo criado uma "clima de terror psicológico". "Hoje, a pessoa passa na frente de um batedor [pequeno produtor] que vende açaí e se tem qualquer febre é porque pegou a doença."
Segundo ele, no entanto, há um trabalho de conscientização no Estado. Os manipuladores da fruta estão sendo cadastrados e cartilhas foram feitas para orientar na higienização do produto, diz. Há ainda uma capacitação dos profissionais de saúde e dos laboratoristas, de acordo com Amoras.
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