Nunca estivemos todos juntos. Nunca. Sempre estivemos próximos. Nossa distância é o que nos aproxima, o que pinta nossa tarde de azul debaixo de um céu de tempestade. Fizemos festas, churrascos, compras, jantares, amigos e fomos felizes, profundamente felizes, descompromissadamente felizes... durante dez dias de sonhos e alegrias, em uma distante praia de Maceió... nossa sereia, com seu canto sedutor nos enfeitiçando e nos levando para junto dos seus segredos mais profundos... Na praia do Gunga; nos esquecemos... no mergulho mar adentro; nos perdemos, no rio São Francisco; nos descobrimos; no abraço amigo, nos encontramos...
Todo dia era dia de festa e pouco nos importava se o céu estivesse nublado. Temos um bocado de vida dentro de nós, partilhado em um baralho jogado na grande mesa dos ideais, no violão tocado e alimentando os sonhos nossos, na nossa vontade de viver, ser e acreditar... Meu Deus, qual de nós decifrará o que é isso... Fomos felizes e sabíamos; de manhã, a mesa posta pela poesia, pela vontade de aproveitar o dia. Na tarde, além de cervejas, várias, a música coreografada pela onda de magnetismo presente. E nós no meio de tudo, captando e dispersando verdades, sonhos, magia... os dias nos foram leves, docemente leves, generosos, lindos... Mágicos!
Agora, tudo se vai no pôr-de-sol sem tarde e se sem amanhecer... Cadê Seu Flor , com sua boite de luzes mágicas e seu tchaco que nos acertava cheio de alegria e prazer? Cadê a Eliene, com suas lágrimas de vida e saudade? Cadê o Pedrão, com sua prosa generosa e sua santidade encarnada? Estão todos aqui, dentro de mim, de cada um de nós, estão dançando no palco de nossas vidas, dentro do meu coração, tocados por nossa alegria contagiante... As nossas músicas, nunca serão mais as mesmas.
Hoje, volto pra casa trazendo uma porção de coisas na bagagem. Sonhos? Poesia? Não sei! Trago apenas um abraço amigo que não vou esquecer. Um beijo cheio de sentimento que não vou vender e essa saudade profunda que me liberta, que me revela que viver é mais, é sentir o sopro de Deus... Aos meus amigos, queria escrever tantas coisas aqui... Mas sou tão pequeno, tão pobre de poesia, que deixo apenas este registro, estas palavras escritas na areia de nossas vidas que a onda do tempo vem e leva, para lá, para lá... Enquanto isso , fico cá, vendo as ondas em meu coração se quebrar... Talvez tudo tenha sido isso: a onda da felicidade vindo com sua renda branca tecida em mistérios e beijado os nossos pés, deixando um suave gosto do que seja a paz de Deus, a grande beleza de saber o que é viver e amar, sem outras palavras...
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