O massacre da escola americana de Columbine se repete em maior grau, desta vez no Estado da Virgínia, com 32 mortos e 21 feridos. É longa a lista dos massacres ocorridos na América, e mesmo o assassinato de John Kennedy, em 1963, pode ser incluído na lista de ações em que uma pessoa, quase sempre um homem, utiliza uma arma potente para destruir o objeto de seu ódio.
O deplorável episódio tem, certamente, várias causas, e algumas coincidências com os demais casos: autores sem antecedentes criminais, nenhuma relação com as vítimas, autor do sexo masculino e o suicídio ao final.
Esses camicases modernos têm desprezo pela vida, um pacto com a morte, exatamente como os homens-bomba do oriente médio, como os autores do onze de setembro, que matam dispostos e morrer em seguida.Não há mesmo distinção, agem movidos por uma fé inabalável, convictos de estarem fazendo a coisa certa ao destruírem os que elegeram seus inimigos.
Um país moderno, com polícia eficiente, mas onde se pode comprar armas com enorme facilidade, graças ao lobby da Associação Nacional do Rifle (NRA). Talvez seja essa uma entre as razões pelas quais esses crimes se tornam triviais nos EUA, juntamente com uma mágoa profunda contra um empregador, um professor, ou colegas que talvez tenham humilhado o agressor.
A BBC fez o teste, seus repórteres foram a um supermercado Wal-Mart da Virgínia e constataram que é possível sair de lá carregando um rifle de caça juntamente com as compras do dia-a-dia. Balcões com armas para todos os gostos . O mais barato saía por meros US$ 119 (R$ 243) As exigências legais são poucas, ter mais de 18 anos, não ter antecedentes criminais e ser um cidadão americano.Quem não preencher os requisitos pode comprar, sem qualquer formalidade, uma arma usada anunciada nos classificados dos jornais .
Tivesse acontecido no Brasil, todos estariam dizendo que a culpa é da falta de segurança, policiamento, maioridade penal, etc. Aqui também se pode comprar uma arma legalmente, mas as dificuldades são enormes, embora sempre seja possível recorrer ao mercado ilegal. Mas, sem dúvida, a disponibilidade é um facilitador.
Tanta neurose, tanto empenho na segurança e a tragédia se impõe por outros meios. Não existe esse ideal de segurança que os americanos perseguem; aliás, antes das Torres Gêmeas, o maior atentado terrorista ocorrido lá foi em Oklahoma City, perpetrado por um cidadão americano, Timothy Mc Veigh.
A reedição da tragédia americana traz a lição de que não existem soluções fáceis como as que volta e meia são propostas aqui no Brasil, que todos já sabem de cor.
A Virgínia é um dos 38 Estados americanos que adotam a pena de morte; e a maioridade penal varia conforme o Estado, mas nada disso pôs freios aos autores destes tantos massacres.
O estudante coreano que agiu na Virgínia tinha 23 anos e premeditou sua ação, gerada por um ódio incontido aos colegas a quem, inclusive, imputou a responsabilidade pela matança que cometeu.
A saúde mental perdida por estes criminosos, salvo casos congênitos, começa em casa, com afeto, diálogo, imposição de limites, atenção dos pais leia-se disponibilidade de tempo - e muito carinho. Nem sempre se percebe quando há um desvio nas relações, mas a atenção ao aspecto pesicológico da saúde da população está muito longe de se tornar uma prioridade dos governos. Quem sabe a presença de psicólogos nas escolas permitisse detectar com antecedência casos de sofrimento mental que, se não levam a ações tão extremas como matar, certamente geram comportamentos anti-sociais, aí incluída a inclinação à corrupção.
Luiz Leitão
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