Filtro solar infantil pode evitar conjuntivite

No Brasil o uso de filtro solar ainda é pequeno. Tanto que segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer) em 2010 devem surgir no País 114 mil novos casos de câncer de pele, doença que tem como principal fator de risco a falta de fotoproteção. O problema é que muitos dos brasileiros que protegem a pele dos efeitos nocivos do sol usam filtro solar químico e acabam tendo conjuntivite, inflamação da conjuntiva, membrana que reveste o globo ocular. Um levantamento feito pelo oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, mostra que no verão 46% dos casos de conjuntivite tóxica, são causados por filtro solar, 39% por bronzeador e 15% por maquiagem. Além da conjuntivite tóxica, o médico diz que o filtro solar químico é também o maior vilão da conjuntivite alérgica.

 A doença, ressalta, é mais comum em quem já tem predisposição a quadros de alergia, como por exemplo, asma, bronquite, dermatite tópica, entre outras. Pode também ocorrer em pessoas que de tanto ter contato com ingredientes alergênicos – corantes, aromatizantes e conservantes – desenvolvem sensibilidade a estas substâncias contidas nos protetores. Quanto mais alto o FPS (Fator de Proteção Solar), ressalta, maior é o risco, porque o número de componentes é maior. O médico explica que no calor o aumento da transpiração e a aplicação de duas camadas de filtro solar para que a preservação da pele seja efetiva, facilitam a penetração nos olhos e provocam tanto a conjuntivite tóxica como a alérgica. Por isso, afirma, a forma mais segura de proteger simultaneamente a pele e a visão é usar filtro solar físico que reflete a radiação ultravioleta (UV), ao contrário dos filtros químicos que absorvem a radiação.

COMO IDENTIFICAR O FILTRO SOLAR FÍSICO

Queiroz Neto diz que em geral o filtro solar físico é comercializado como bloqueador infantil. Não quer dizer que todo protetor infantil esteja liberado. A dica do médico é verificar se a fórmula contém somente óxido de zinco e dióxido de titânio. São estas substâncias que caracterizam o bloqueador físico. Como têm PH neutro dificilmente provocam irritações oculares.

SINAIS DE PERIGO

Passar filtro solar e sentir ardência nos olhos indica perigo. Isso porque, este pode ser o primeiro sinal da conjuntivite tóxica. Para evitar a progressão da doença o especialista recomenda lavar abundantemente os olhos e instilar lágrima artificial para retirar as substâncias irritativas. Insistir no uso pode causar lesões na córnea, alerta. Depois de instalada, ele diz que a conjuntivite tóxica e a alérgica têm os mesmos sintomas: coceira, vermelhidão, pálpebras inchadas, sensibilidade à luz, lacrimejamento e queda da visão. A diferença é que na alérgica o primeiro sinal é a coceira intensa que só regride com a melhora da doença. O especialista afirma para reduzir este desconforto podem ser usadas compressas geladas. Os tratamentos das duas doenças são similares e variam de acordo com a gravidade. Por isso, a recomendação é consultar um oftalmologista se a irritação ocular persistir por mais de dois dias, depois de tomados os primeiros cuidados – aplicação de lágrima artificial e de compressas geladas.

PREVENÇÃO EXTRA

Além da conjuntivite tóxica e alérgica, a propagação de conjuntivite bacteriana e viral que são bastante contagiosas, cresce 20% no verão segundo Queiroz Neto. Aglomerações, compartilhar objetos pessoais, água de piscina ou mar e mãos contaminadas são os principais fatores de risco para o contágio dos olhos.

As recomendações do médico para preservar a saúde ocular são:

· Evite excesso de filtro solar, bronzeador ou maquiagem na região dos olhos.

· Lave os olhos em casos de penetração de substâncias químicas.

· Na exposição ao sol enxugue a transpiração ao redor dos olhos com toalhas descartáveis.

· Lave com freqüência o rosto e as mãos.

· Não compartilhe produtos de beleza, toalhas de rosto ou colírios.

· Evite coçar ou levar as mãos aos olhos.

· Use óculos de mergulho para nadar, óculos de proteção para trabalhar com produtos químicos e lentes com proteção UV em ambientes externos.

· Interrompa o uso de produtos que causam desconforto nos olhos.

· Substitua as lentes de contato por óculos na piscina ou praia.

· Evite usar colírio ou receitas caseiras sem o conhecimento de seu médico.

Eutrópia Turazzi – LDC Comunicação

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