Mais de três mil inscritos e 92 delegações estrangeiras participam da Conferência Internacional sobre Biocombustíveis, promovida pelo governo federal em São Paulo, e aberta nesta segunda-feira (17) pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Até sexta-feira (21), representantes de governos, sociedade civil, setor produtivo e comunidade científica discutem os desafios e oportunidades apresentados pelos biocombustíveis no mundo. Este fórum é um esforço para estabelecer um mercado mundial de etanol e elevar o patamar das discussões sobre os biocombustíveis, afirmou a ministra ao dar as boas-vindas aos participantes.
Com o tema Os biocombustíveis como vetor de desenvolvimento sustentável, já na primeira sessão plenária o público teve uma mostra do que serão os debates da semana. Para discutir a relação entre biocombustíveis e segurança energética, foram convidados Paul Roberts (EUA), relator da sessão e especialista em energia e alimentos, além de autor dos livros O Fim do Petróleo e O Fim dos Alimentos; Alan Kardec Pinto, presidente da Petrobras Biocombustíveis; Christoph Berg (Alemanha), diretor-geral da F.O. Licht e membro do Grupo Consultivo sobre Biocombustíveis da Comissão Européia; Ibrahim Assane Mayaki (Níger), ex-primeiro-ministro de Níger e diretor-executivo da ONG HUBRural; embaixador Richard Jones (EUA), diretor-executivo adjunto da Agência Internacional de Energia (AIE); e Richard Murphy (Reino Unido); especialista em Bioenergia e professor de Fitotecnia do Imperial College de Londres.
O representante brasileiro e moderador da sessão foi o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, que destacou o conceito de segurança energética como peça fundamental do padrão de vida de um povo, ao falar dos benefícios e riscos enfrentados por populações que têm ou não acesso à energia. Zimmermann falou da opção brasileira pelos biocombustíveis, sobretudo o etanol, e a capacidade dessa fonte limpa e renovável de funcionar como um redutor de risco de escassez de energia. Hoje, o etanol responde no Brasil por 16% de toda a energia gerada, o que o coloca como a segunda fonte mais presente na matriz energética nacional, atrás apenas dos derivados de petróleo (37%). Dessa forma, os biocombustíveis contribuem para reforçar a presença das fontes renováveis na matriz brasileira, reconhecidamente a mais limpa do mundo industrializado.
Feira - Os participantes da Conferência terão a oportunidade de conhecer de perto a experiência brasileira no que diz respeito à tecnologia, políticas públicas, produção e uso de combustível renovável ao visitarem a 1ª Exposição Internacional Sobre Biocombustíveis evento paralelo aberto ao público em geral. Promovida pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a feira reúne 70 expositores, entre empresas, órgãos de governo e entidades setoriais brasileiras.
Na abertura, a ministra Dilma Rousseff destacou a marca de sete milhões de veículos flexfuel produzidos no Brasil e anunciou o acordo conduzido pela Apex-Brasil para incluir o etanol brasileiro na Fórmula Indy, que já utiliza biocombustível em seus carros, a partir da próxima temporada.
Tecnologia brasileira - Entre as atrações da feira estão um conjunto de dez modelos de veículos flexfuel fabricados no Brasil (um de cada montadora), dois ônibus movidos a bicombustível (um 100% etanol e outro híbrido biodiesel e eletricidade), um carro da Fórmula Indy, e a primeira motocicleta bicombustível do mundo, que deve chegar ao mercado em 2009. O modelo tem tecnologia brasileira.
A feira abriga também a primeira e única aeronave do mundo fabricada em série para voar com 100% de etanol. Trata-se do Ipanema, conhecido como o avião verde. O modelo é mais limpo e polui menos que os similares que usam gasolina de aviação.
Além do MDIC, o governo federal participa da feira com equipes dos diferentes ministérios ligados ao tema como Minas e Energia, Desenvolvimento Social, Relações Exteriores, Agricultura e Pecuária e Ciência e Tecnologia, além de técnicos da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Entre as empresas estatais, duas são subsidiárias da Petrobras: a Transpetro (logística de transporte de biocombustíveis), e a Petrobras Biocombustíveis, empresa criada neste ano para atuar na produção de etanol, biodiesel e coogeração de energia elétrica. A Emprapa levou para a feira uma mostra de matérias-primas diferenciadas e de microorganismos com potencial para uso na produção de etanol de segunda geração, o lignocelulósico. A participação governamental inclui ainda o Banco do Brasil, BNDES, Infraero e Inmetro.
Mais informações:
- Conferência Internacional sobre Biocombustíveis
www.biofuels2008.com (transmissão ao vivo)
- 1ª Exposição Internacional de Biocombustíveis
www.brasil-biofuels.com.br
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter