Russofobia, outra vez

Encontrar uma história objectiva na mídia ocidental sem qualquer crítica contra a Rússia é como procurar a Gralha Sagrada. De facto, seria mais fácil encontrar uma agulha num palheiro.

O site da BBC hoje, Segunda-feira dia 24 de Outubro, traz três histórias acerca da Rússia. O que seriam essas histórias? O aumento no nível de vida na Rússia e a crescente prosperidade nas cidades e nas aldeias? Maior produtividade e melhor controlo dos recursos do país pelas autoridades russas?

Ou serão acerca do processo livre e democrático na Chechénia, o clima omnipresente de transparência e responsabilização nos círculos de negócios na Rússia ou então, o optimismo acerca de resolver a questão na Ossétia Sul?

Não, hoje temos mais uma vez histórias deprimentes, cinzentos e frios, até com referências a um Kremlin autocrático e uma alusão à era soviética.

A história acerca da gripe das aves na Rússia era de prever e até mereceu uma caixinha especial, colocada à esquerda (criando mais impacto) sob o título principal do dia. Claro que nem mencionou a gripe das aves na Croácia ou na Suécia.

A segunda história é acerca do bilionário presidente da Chelsea FC, Roman Abramovich, escolhido para seu segundo termo como Governador da Chukotka. A história começa bem mas fica cada vez mais demente e acaba com a conclusão mais estranha que aparece em qualquer órgão de informação na história recente.

É que a indicação de Abramovich foi “o preço por ter ficado no favor do Kremlin quando o Governo tem utilizado uma variedade de meios para retirar a riqueza de outros homens de negócios”.

Então, o Kremlin simplesmente decide roubar os bens dos cidadãos, é isso? Nada acerca de por quê ou a simples questão das pessoas cometerem crimes ou devendo biliões em impostos não pagos?

A terceira história é precisamente acerca de um destes coitados vítimas cuja fortuna foi roubada pelo Kremlin, aquele cuja firma YUKOS se esqueceu de pagar umas dezenas de biliões em impostos – Mikhail Khodorkovsky, e a sua prisão.

Aprendemos que ele foi enviado a uma “prisão da era soviética na Sibéria”: Um GULAG talvez? E evidentemente anda acorrentado a um bando de homens em uniformes cinzentos, quebrando pedra, cantando Yo-o heave-ho? E pior, as temperaturas no inverno oscilam entre os 18 e 33 graus negativos.

Coitadinho de Khodorkovsky, tremendo de frio lá fora nas suas cuecas sem nada a comer e com uma simples pá para companhia.

Quantas prisões no Reino Unido foram construídas entre 1917 e 1991? Ou até antes? Se calhar a maioria são dos tempos da Rainha Vitória.

É interessante ver como esta corporação gosta de utilizar imagens negativas quando trata das notícias oriundas da Rússia. Tal e qual como nos tempos da Rainha Vitória, quando esse país traçava linhas em mapas e dizia “isto é nosso” e “aquilo é vosso”, o mundo é um sitio confortável e aconchegado, onde a África é um continente escuro cheio de doenças e gafanhotos e corrupção, o Médio Oriente está cheio de pessoas castanhas (que horror!) com bigodes, por isso não se pode confiar neles, Austrália está cheio de machões barrigudos que bebem cerveja e vencem a velha Inglaterra sempre no cricket (bem,. quase sempre) e a Rússia, claro, é uma terra gelada, com prisões da época soviética e pesadelos de cidades do mesmo período, habitados por um povo derrotado e triste, dominados por um Kremlin autocrático.

Esse disparate nem foi a verdade nos tempos da União Soviética. Perpetrar esta mentira nos dias de hoje é prova que o BBC é um organismo com pouco profissionalismo que tem tanta credibilidade como o fala-barato da aldeia que anda sempre bêbado.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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