Quem manda aqui sou eu!

Ninguém esperava que Kasyanov fosse despedido tão depressa. No entanto, para impedir que grupos de pressão tomassem posições antes da eleição presidencial em 14 de Março, Vladimir Putin mostrou as suas habilidades políticas, colocando o próprio como protagonista no palco político russo. Todos os olhos agora se viram para o Presidente.

Explicando a decisão de demitir o governo, Vladimir Putin declarou na TV estatal russa que a decisão já tinha sido tomada para reflectir sua posição sobre o rumo que a Rússia deve seguir após as eleições presidenciais.

De facto, a remodelação governamental não é surpresa. Surpreendente é o facto que Kasyanov cai antes da eleição mas já estava esperada a sua substituição, visto que o Kremlin prepara uma administração totalmente controlada por Putin na sua segunda, e última, presidência.

Mikhail Kasyanov era um dos últimos protegidos de Yeltsin ainda com posto executivo. A sua demissão marca definitivamente a imposição da autoridade de Vladimir Putin e a preparação para mais quatro anos de reformas corajosas, soletrando uma mensagem clara aos oligarcas, que tentaram tomar conta dos recursos da Rússia no caos que se chama Yeltsinismo.

Sob os termos da Constituição da Federação Russa, Vladimir Putin não podia despedir Kasyanov sem despedir o governo, pelo que a remodelação assume na imprensa internacional um carácter mais drástico que efectivamente seria a verdade.

Não há ninguém que consiga deter Vladimir Putin, na sua missão de restabelecer o que foi desestabilizado durante a presidência de Yeltsin. Vladimir Putin representa os interesses da grande maioria dos cidadãos da Rússia, nomeadamente o desejo para que fique marcada a estabilidade económica (devido à mudança do sistema da economia controlada para uma economia do mercado) e o desejo de ver a Federação Russa a reter o seu estatuto como Super-potência.

Vladimir Putin assim assume a posição de estabelecer um regime novo (em relação aos anos 1990) e uma continuação da linha pragmática iniciada por Mikhail Gorbachev: racionalização dos recursos russos, defendê-los contra tentativas de saque oriundas por regimes de fora e tentar estabelecer um sistema económico que segue uma via média entre a economia de mercado liberalista (que causa tantos problemas) e a economia controlada (que até hoje, se apresenta como modelo-exemplo).

O modelo económico para o futuro se fincará quando o modelo controlado conseguir ultrapassar o modelo liberalista. Vladimir Putin pode ser uma peça fundamental nesta mudança. Uma Terceira Via de facto e não virtual.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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