ILHA DOS ANIMAIS SELVAGENS DENTRO DA CIDADE

Mesmo entre os moscovitas poucos conhecem que dentro da cidade de Moscovo há alces, javalis e castores, enquanto que o céu do Kremlin é guardado por falcões. Moscovo é a única cidade do mundo na qual há uma vasta e densa floresta habitada por animais selvagens. Além dos já mencionados há ainda veados, ondatras e lebres. Ocupando uma terça parte do território da cidade, isto é, 1044 hectares, esta floresta tem o nome oficial de reserva nacional "Locssiny ostrrov" ("Ilha dos Alces").

Estas áreas no Nordeste da capital russa figuravam ainda há 400 anos entre as preferidas do czar Aleksei Mikhailovitch, grande amador da caça. Havia nestes lugares, que ficam apenas a duas horas de viagem a cavalo do Kremlin, muitos animais e aves selvagens. O czar era acompanhado durante as caçadas por um séquito de cerca de mil pessoas. O falcão preferido do czar pousava sempre na luva do falcoeiro que andava a cavalo perto do czar. No meio da floresta foi construído um palácio de caça (há pouco os arqueólogos descobriram os alicerces da construção e as escavações no local continuam).

A caça nestes lugares foi proibida a todos, salvo o czar, durante várias centenas de anos. É por isso mesmo que nesta floresta abundam os animais e aves selvagens.

Em 1861, a caça nestes lugares foi autorizada a quem pedisse uma licença especial de 15 rublos cada, o que na altura era um dinheirão.

A floresta sobreviveu por milagre a diversos períodos conturbados da nossa história, incluindo os anos do poder soviético. A 14 de Agosto de 1973 foi tomada pelas autoridades de Moscovo a decisão histórica sobre a criação da reserva natural "Lossinny ostrov". Volvidos dez anos, o Conselho de Ministros da URSS decretou a criação no mesmo lugar da Reserva Nacional, cujo estatuto passou a ser muito mais elevado.

Hoje na reserva habitam mais de 20 espécie de animais, 160 espécies de aves, sem já falar de cobras, rãs e peixes de água doce. Existe na internet uma página dedicada à reserva "Lossinny ostrov".

A existência de uma vasta área florestal dentro da cidade cria muitos problemas. A estrada circular em torno da cidade de Moscovo dividiu a floresta em duas zonas, dificultando assim a passagem dos animas de uma para a outra. Nos primeiros meses após a inauguração da estrada, muitos alces foram atropeladas por veículos. Agora, ao longo das bermas, foi construída uma cerca. Mesmo assim à noite na estrada aparecem às vezes pequenos animais, entre outros, martas-das-índias e esquilos.

No entanto a maior ameaça à reserva é o ser humano. Nos fins-de-semana, milhares de pessoas vão à floresta para descansar. A entrada na reserva está oficialmente permitida apenas em 4 pontos, mas ninguém agora liga a limitações ou proibições. Uma dezena de guardas florestais e o mesmo número de polícias são incapazes de deter e controlar a actividade de milhares de pessoas, que muitas vezes é agressiva em relação à natureza - fazem fogueiras para grelhar carne e deixam montes de lixo depois de abandonar a floresta.

Para ajudar os escassos guardas a manter a ordem na floresta, os jovens, principalmente estudantes, formaram grupos de voluntários que passam as suas horas livres na floresta recolhendo lixo, em resultado de que uma vasta área florestal está agora mais limpa.

Voltaram a habitar a floresta o mocho, o estorninho e o pisco-chilreiro, que é conhecido apreciador de áreas florestais limpas, o zórlito e a lebre, o que é sinal de que a situação ecológica da floresta vem melhorando.

No entanto o destino desta reserva nacional não deixa de inquietar os moscovitas, basta apenas lembrar a recente declaração feita pelo vice-presidente da Câmara Municipal de Moscovo, na opinião do qual a existência de uma floresta dentro da cidade é um absurdo.

Verdade seja dita que há ainda em Moscovo uma outra pequena floresta, situada mesmo no coração da cidade. Trata-se do território do Kremlin, onde no meio das árvores frondosas se ergue o conjunto de palácios presidenciais. No Kremlin existe um serviço de falcões, que uma vez por semana são soltos para proteger o céu da área de pombos e gralhas que costumam pousar nas cúpulas douradas das catedrais e telhados dos palácios. Mas cientes da presença de falcões, as aves não se atrevem a pousar no Kremlin.

Dentro de Moscovo há ainda outras três bastante grandes áreas florestais, nos bairros de Fili, Izmailovo e Timiruiazevo.

Moscovo do ponto de visto ecológico não é a pior cidade do mundo.

RIA NOVOSTI

Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter

Author`s name Pravda.Ru Jornal
X