QUARTO PRESIDENTE CHECHENO

Como mudou a situação política na Chechénia depois de Alu Alkhanov ter vencido nas presidenciais naquela república?

À primeira vista pode parecer que não ocorreram grandes mudanças de princípio, porque durante a companhia eleitoral Alu Alkhanov se apresentou como seguidor da linha pró-Moscovo do seu antecessor Ahmad Kadyrov, morto a 9 de Maio passado em resultado de um acto bombista. O programa presidencial de Alkhjanov não contém algumas inovações que o distinguem substancialmente do programa análogo de Kadyrov, divulgado no Outono de 2003. Não foram obtidos por enquanto resultados sensíveis quanto ao reforço da segurança e à diminuição da confrontação armada na Chechénia. Na noite da contagem de votos na república, como aqui acontece frequentemente, também ouviam-se disparos.

No entanto, pode-se afirmar que com a vitória de Alkhanov se delinearam ou, dizendo mais exactamente, se delineiam vários avanços políticos que, se esta tendência ficar mais forte, podem alterar seriamente a situação na Chechénia.

Primeiro, Alkhanov é o primeiro dos quatro presidentes chechenos que nunca lutou contra a Rússia. Nos anos 90, no auge da confrontação russo-chechena quando era impossível prever o seu resultado, Alkhanov até participou nas acções militares contra os separatistas em conjunto com os chechenos de orientação pró-russa.

Até às últimas eleições, só era possível conjecturar quantos chechenos apoiam a Rússia. Moscovo afirmava que se trata da esmagadora maioria da população, enquanto os separatistas de Maskhadov declaravam que são poucos, talvez dezenas ou centenas, e todos eles traidores do seu povo.

Depois das presidenciais podemos dizer que a verdade, como acontece frequentemente, está no meio. A favor de Alkhanov votaram mais de 320 mil pessoas - o que constitui mais da metade dos eleitores chechenos e não centenas de "renegados" da causa da independência da Chechénia. Embora não esmagadora, como afirmava Moscovo, mas a maioria.

Hoje, pela primeira vez nos últimos quinze anos, estas pessoas obtiveram a possibilidade de unificação política activa e de actuação na sua república em conformidade com a sua posição dirigidos por um líder recém-eleito investido de grandes poderes.

Muito dependerá da capacidade de Alkhanov de provar que a orientação pró-russa valeu de facto para segui-la durante os quinze anos da discórdia na Chechénia.

Destaque-se aqui o segundo avanço político capaz de influenciar cardinalmente a situação na república. É importante não apenas o facto de Alkhanov e os seus partidários na Chechénia ocuparem a posição pró-russa. Não é menos importante também que Moscovo aceita e aprova as suas iniciativas.

Dirigindo-se às autoridades russas, o Presidente Kadyrov falou muito que as receitas da venda do petróleo checheno devem ficar na república. Os semelhantes motivos foram expressos pelo actual líder dos separatistas chechenos, ex-presidente Maskhadov, durante os seus contactos com o Kremlin, em meados dos anos 90.

Mas Maskhadov foi declarado criminoso e Kadyrov, apesar de ter sido frequentemente recebido no Kremlin, tampouco conseguiu alcançar o seu objectivo. Alkhanov, neste sentido, tem mais sorte. Ainda antes das presidenciais, a sua proposta de reconstruir a Chechénia com a ajuda das receitas do petróleo republicano foi apoiada pelo Presidente da Rússia, Vladimir Putin. Além das evidentes vantagens económicas e financeiras para a Chechénia este facto testemunha que o novo Presidente checheno Alkhanov tem no Kremlin não simples aliados provisórios ligados a ele por um acaso político, mas sim os correligionários com que se pode e se deve construir uma política de longo prazo.

O tempo vai mostrar como se manifestarão e ao que levarão estes avanços políticos. Mas o desenvolvimento da situação na Chechénia foi muito influenciado até hoje por casualidades. Uma mina accionada à distância pode destruir num segundo o que foi alcançado em meses e até anos pelos políticos e a sociedade da Chechénia.

No entanto, as mudanças políticas na Chechénia são evidentes. E estas mudanças continuarão.

Yuri Filippov observador político RIA "Novosti"

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