Alarmante violência contra a mulher em Colômbia

Alarmante violência contra a mulher em Colômbia

 

Bogotá, (PL) No que vai de ano têm sido assassinadas mais de 800 mulheres em Colômbia e mais de 103 mil têm sofrido diferentes tipos de violência, revelou o Instituto Nacional de Medicina Legal.

 

'A pandemia da violência que durante toda a vida se exerceu sobre nossos corpos e mentes deve cessar já e este é um compromisso que devemos assumir todos, não só o Estado, sina a sociedade em general', apontou a vice-presidenta de Colômbia, Marta Luzia Ramírez.

Admitiu a vicemandataria que a violência contra as mulheres em Colômbia aumenta a cada ano de modo alarmante.

'Somos 50 milhões de cidadãos que devemos reagir sempre contundentemente quando tenha violência contra a mulher, os meninos, os idosos, líderes sociais e defensores de direitos humanos. Não mais violência de nenhuma natureza contra nenhum colombiano', disse 

Em opinião de Miguel Ángel Múrcia, estudante de Medicina da Universidade de Ande-os, há que se pronunciar com força contra as diversas expressões de violência que estão destruindo a sociedade.

Múrcia é vítima de uma atroz dinâmica, socialmente aceitada na cotidianidad a partir das matrizes socioculturais dominantes: Sua mãe morreu assassinada por seu pai.

'Minha mamãe -relata- vivia com uma camisa de força, sua realidade estava limitada por um homem, o que ela elegeu para viver o resto de sua vida e que era seu maior travão'.

'Esse homem encheu sua existência de medos e inseguranças, carregou seu mundo de violência; esse homem que ela um dia elegeu terminou por lhe arrebatar a vida.' 

O depoimento do jovem estudante de Medicina é só um entre milhares de vivências desgarradoras da sociedade colombiana.

Registros de organizações defensoras dos direitos humanos sustentam que em Colômbia desde 2013 à data se apresentaram mais de seis mil feminicidios.

Recentemente Victoria Sandino, legisladora do partido Força Alternativa Revolucionária do Comum (FARC) liderou uma audiência pública sobre o tema na cidade de Barranquilla, capital do departamento do Atlántico.

'O Estado é responsável de garantir a meninas e mulheres uma vida livre de violências', opinou a congressista da FARC.

Assinalou a também dirigente do Conselho Político Nacional do agrupamento 'fariana' que o feminicidio está motivado pelo ódio, desprezo, sentido de propriedade ou prazer, pelo que instou em tal sentido a combater os preconceitos sociais e culturais que favorecem a impunidade.

Segundo estatísticas oficiais, em mais do 40 por cento dos casos de feminicidios em Colômbia o agressor foi o casal ou expareja sentimental da vítima.

As supostas causas que desencadearam os ataques se classificaram do seguinte modo: 59 por cento por intolerância ou machismo; 21 por cento por fitas-cola, desconfiança ou infidelidad, e 13 por cento por alcoholismo ou drogadicción.

Outra das recorrentes formas de violência contra a mulher colombiana é a estendida escravatura sexual.

Neste ano reportaram-se mais de 17 mil denúncias relacionadas com atos de abusos e exploração sexual, nos que o 87 por cento as vítimas são meninas e adolescentes.

A violência contra a mulher tem rosto de menina em Colômbia.

Em outubro passado a Promotoria e a Polícia de Colômbia desarticularon uma banda criminosa que teria obrigado a mais de uma centena de meninas e adolescentes ao exercício da prostituição.

Mario Gómez, promotor colombiano para temas de infância e adolescência, disse que a estrutura criminosa recrutava a jovens vulneráveis entre 15 e 19 anos de idade dos departamentos Caldas, Chocou e Vale do Cauca.

'O material probatório e os depoimentos de várias vítimas, que após 10 anos decidiram revelar a quantidade de atrocidades que enfrentaram, puseram ao descoberto os papéis cumpridos por esta rede de trata de pessoas', assinalou o ente acusador.

Às menores prometia-lhes trabalho em Trinidad e Tobago como meseras, enfermeiras ou niñeras e quando chegavam a Porto Espanha as despojavam de seus documentos e as encerravam em habitações onde eram explodidas sexualmente.

Quem rebelavam-se eram denunciadas à polícia local de Porto Espanha como rendimento ilegal ao país e paravam no cárcere.

E faz menos de uma semana fez-se público outro modus operandi similar, quando as autoridades colombianas, em coordenação com a Policia civil Espanhola, desarticularon outra rede de exploração sexual de menores.

Essa estrutura criminosa recrutava meninas e adolescentes de departamentos do centro e ocidente do país para submetê-las a exploração sexual em Espanha.

As vítimas viviam em condições muito difíceis no país sudamericano e enganava-lhes oferecendo-lhes trabalho como camareras ou outros similares na nação ibérica, onde ao chegar eram obrigadas a prostituirse.

O desmantelamiento da rede pôde ser conseguido graças ao depoimento de uma jovem que pôde escapar do encerro e narrou os vejámenes que sofreu junto a suas colegas.

Entre abril do 2016 e abril do 2018, a Promotoria de Colômbia conheceu de 488 casos de trata de pessoas, concentrados em Bogotá, Vale do Cauca, Risaralda e Antioquia.

No entanto, Nações Unidas indica que as cifras sobre a exploração sexual no mundo têm um evidente subregistro.

Pela cada caso de trata de pessoas reportado, pode ter 20 vítimas mais, cuja situação se desconhece, refletem dados da ONU.

Ana Güezmes, representante de ONU Mulheres Colômbia, comentou ao diário local O Espectador que ainda que há boas leis em Colômbia contra a violência à mulher e contra o delito do feminicidio em particular, ainda faz falta maior financiamento e respaldo de organismos em torno do que qualificou de pandemia.

Considera a servidora pública da ONU que as cifras de violência contra a mulher em Colômbia são inaceitáveis.

Uma da cada três mulheres tem sofrido alguma forma de violência e isto não o vai resolver um Governo sozinho. Por isso o chamado que fazemos desde ONU Mulheres é que exista uma sumatoria de todos os atores públicos, privados, a cooperação internacional, a academia e as organizações para que esta mudança ocorra, afirma.

Há outros fatores que a advogada colombiana Cristina Rosero pondera: o silêncio cúmplice da sociedade e a inoperancia da justiça.

Sobre a impunidade que rodeia ao feminicidio a jurista manifesta que as sentenças contra agressores são poucas, situação que socava a confiança nas instâncias judiciais.

Basta um exemplo: Em outubro cumpriram-se seis anos de um fato que conmocionó ao país: o achado no departamento de Boyacá de uma mala que continha o corpo sem vida e com sinais de tortura de Andrea Marcela García, uma menina de 12 anos.

Seu pai, Enfelberto García, disse que ainda a família está esperando pela atuação da justiça e pediu que se persista com a investigação para dar com os responsáveis pelo assassinato de sua filha.

Sobre o subregistro de casos, Carlos Eduardo Valdés, diretor do Instituto Nacional de Medicina Legal, comentou que muitas agressões não se conhecem pelo temor que sentem as vítimas de fazer a denúncia.

'Muitas mulheres que tinham sido agredidas e as tínhamos estudado na parte clínica, depois chegavam como cadáveres produto da agressão', dimensionou Valdés.

Inclusão de políticas de não violência contra as mulheres no currículo obrigatório de todas as carreiras universitárias, nos níveis educativos primários e secundários, como prioridade de políticas públicas obrigatórias é outra das arestas demandadas pelos experientes.

Requer-se implementação imediata das leis de proteção integral para prevenir, sancionar e erradicar a violência contra as mulheres nos âmbitos em que desenvolvam suas relações interpersonales, coincidem especialistas na temática de gênero.

A escritora colombiana e vítima de maltratos em sua infância, María Victoria Zambrano, sentença que para gerar transformações na perspectiva das violências, é perentorio que estas se aceitem e reconheçam socialmente, por mais dor que tal verdade provoque.

*Corresponsal de Prensa Latina em Colômbia.

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