Geórgia: Intrusão estrangeira na CEI

O que aconteceu na Geórgia no final de semana passada não foi nenhuma revolta popular por uma população em fúria levantando-se contra um tirano, mas sim, uma campanha orquestrada de fora para colocar um sicofanta pro-ocidente e pro-NATO no trono em Tblissi.

As suspeitas

O ex-Presidente Eduard Shevardnadze suspeitou que Washington e Soros estavam a trabalhar contra ele antes do assim-chamado “golpe”, liderado pela oposição e seus patrocinadores estrangeiros, que esforçou-o a se demitir no Domingo passado para evitar um banho de sangue.

Agora, Shevardnadze acusa os EUA de deixá-lo cair e de orquestrar a campanha contra ele. Numa conferência de imprensa em Tblissi no início desta semana, declarou que “Eu era um dos maiores apoiantes da política dos Estados Unidos. Quando precisaram do meu apoio sobre o Iraque, dei-lhos. O que aconteceu aqui, isso não posso explicar”.

Nos últimos meses, Shevardnadze muitas vezes se reclamou que o financeiro George Soros estava a trabalhar activamente contra ele.

Os jogadores

Tudo indica que o Shevardnadze tinha razão. Todos os caminhos levam a Washington…ou Soros…ou ambos.

Primeiro, o homem de casa, o georgiano Giga Brokeria, que foi enviado à Sérvia por Soros para ligar-se aos activistas Otpor que tinham derrubado Slobodan Milosevic. Um grupo destes activistas depois viajou para a Geórgia para instruir a oposição como se lança uma “revolução” não violento. A ligação com a Sérvia foi admitida por Laura Sibler, conselheira sénior sobre a política da Open Society, de Soros, que declarou à imprensa que as experiências partilhadas entre a Geórgia e a Sérvia eram “muito traduzíveis”, acrescentando que esta Sociedade tinha financiado as viagens.

A ligação chamada Brokeria não acaba aqui. Seu Liberty Institute é financiado quer pelo Open Society de Soros, quer pelo Instituto Eurásia, do governo dos Estados Unidos da América.

Quanto a Soros, a sua implicação nos eventos em Geórgia é inegável. Alem de financiar o Liberty Institute, financiou o movimento Kmara! (Basta!), doando 500 000 USD que foi utilizado para ajudar os manifestantes nos eventos do final de semana passada, financiou a estação de TV Rustavi-2, que critica Shevardnadze abertamente e financiou o jornal da oposição, 24 Horas.

Soros e o governo dos EUA patrocinam o líder da oposição na Geórgia, Mikhail Saakashvili, advogado de 35 anos educado em Nova York, com um programa declarada a trazer a Geórgia mais perto do ocidente e mais longe de Moscovo, com uma intenção de filiar-se na NATO e possivelmente na EU. A tendência na direcção de Saakashvili e para fora de Shevardnadze veio numa altura crítica para os Estados Unidos da América.

O motivo

A construção do oleoduto entre o Mar Cáspio e o Mar Negro em 2005 e o facto que Shevardnadze tinha assinado contractos na área de energia com companhias russas, dando-lhes toda o fornecimento para a Geórgia, e não firmas baseadas nos EUA, fez com que Washington agisse.

O plano maior

O plano maior para Washington começa a ficar cada vez mais claro, com uma examinação do cenário geo-político dos últimos anos.

No oriente, o Afeganistão tem um governo amigável a Washington, que irá permitir a construção dum gasoduto para levar o gás do Turquemenistão para o Paquistão, também com um governo amigável a Washington. Os Talebã recusaram-se a deixar que fosse construído esse gasoduto em 1998 e pagaram um preço elevado três anos mais tarde.

No centro, Iraque, agora com um administrador dos EUA e mais tarde, de acordo com o plano, um governo amigável a Washington que irá readjudicar os contratos. Na frente ocidental, Chechénia e agora, Geórgia, onde os conselheiros militares norte-americanos desempenham um papel sinistro que não é totalmente sem suspeitas.

Um caso muito claro da ingerência de Washington nos assuntos internos de nações soberanas e agora, pior, interferir nos assuntos internos na Comunidade dos Estados Independentes. Quanto mais baixo pode Washington chegar?

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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