O realizador português apresenta os seus filmes na Rússia

Na Universidade Lomonossov (MGU) ocorreu a exibição do primeiro filme do ciclo de cinema documental do realizador português, João Egipto Cristóvão. O ciclo consiste de três filmes e chama-se "A Rússia no olhar de um português". João Egipto Cristóvão formou-se no Instituto Estatal de cinema de Moscovo (VGIK) por isso ele sabe muito bem a história da Rússia e interessa-se pela vida do povo russo.

Ontem os espectadores viram o filme "O Regresso". O enredo do filme gira em torno de 3 mulheres idosas de origem espanhola que emigraram quando eram pequenas para a Russia, fugindo a guerra civil, e o seu desejo de voltar a Espanha para morrer na terra natal, depois de terem dado a vida pela causa hoje gorada do comunismo. Depois da exibição do filme seguiu-se a discussão. O realizador João Egipto Cristóvão respondeu às perguntas dos estudantes e dos professores de várias universidades de Moscovo, dos espanhois que vivem na Rússia:

- Quem de realizadores mais importantes influenciou o seu trabalho?

- Eu gosto do realizador russo Dziga Vertov porque acabei o Instituto VGIK. Vertov é um dos cineastas documentários que eu mais gosto. Eu gosto dum realizador português que é Manuel de Oliveira que também começou com o cinema documental. Penso que são as duas minhas grandes influências.

- Podia dizer-nos sobre a história da criação do seu filme?

- A produtora que fez este projecto tinha o projecto mais vasto de fazer os filmes sobre as pessoas que foram reprimidas no tempo da época soviética e que pudessem contar as suas histórias particulares, a sua vida particular. Para fazer um dos projectos sobre espanhóis pensaram em arranjar um português, talvez, fosse mais perto desse povo e pudesse perceber melhor a vida dessas pessoas.

- Porque João prestou muita atenção aos problemas religiosos no seu filme?

- A religião aparece no filme como uma espécie da saída na vida das pessoas. Em termos reais a grande parte destas pessoas não tinham possibilidades de voltar à Espanha, de morrer na Espanha.

- Como você acha os personagens do seu filme não tinham problema com a fé? Sabemos que a Rússia é um país ortodoxo e a Espanha é um país católico.

- Este problema não surgiu no filme porque essas pessoas não são católicas, não têm a religião concreta.

- Porque mesmo aquelas três pessoas ficaram as personagens do seu filme?

- Procuram-se as pessoas que tenham histórias interessantes, depois procuram-se as pessoas que não tenham medo de câmara, de contar as suas histórias e que não tenham medo da polícia, do sistema.

- Quais foram os momentos mais difíceis na produção do filme e quanto tempo demorou a produção?

- A produção do filme durou cerca de meio-ano. O mais difícil era fazer entrevistas. Era difícil convencer as protagonistas chegar às filmagens na hora certa porque elas queriam contar as suas histórias só quando tivessem a inspiração e a disposição.

- Porque o senhor gosta de fazer os filmes documentais?

- Hoje em dia pode-se dizer que o cinema documental tem o futuro. Agora não há censura e nenhum tema é proibido. O cinema documental é muito interessante porque diferentemente do cinema-ficção reflecte os factos reais da história.

- Quais são os seus planos para o futuro?

- Nunca fiz filmes sobre os portugueses. No futuro imediato quero filmar a história dum português que viveu na Rússia no século XVIII, foi médico da rainha Elizaveta Petrovna. O nome dele é António Ribeiro Sancho. Eu gostava de fazer o filme sobre ele porque é uma história interessánte e fantástica.

- Quando e porque você começou a interessar-se pela história da Rússia?

- Me interessa a vida particular das pessoas não especificamente russos. Pode ser russos, pode ser portugueses. É interessante a vida, a tragédia da pessoa.

- Como você acha qual é o futuro da Rússia na Europa e no mapa do mundo?

- Penso que a Rússia tem futuro. A Rússia é um país fantástico que tem não só imensos recursos naturais como petróleo, gás mas tem imensos recursos humanos que devem ser aproveitados. Acho que a Rússia tem a gente inteligente, tem jovens com grandes capacidades em todas as áreas. A Rússia vai ter lugar bastante importante no mundo.

Ekaterina SPITSYNA PRAVDA.Ru

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