Na última sessão do ano, a Assembléia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE) decidiu sugerir que, na primeira sessão de 2006, se vote a proposta do jurista sueco Goran Lindblad, que busca condenar o comunismo como ideologia criminosa e o igualar ao nazismo.
Não há como negar que, usando o socialismo marxista como justificativa, foram cometidos grandes crimes e genocídios. Stalin, por exemplo, foi sem dúvida um tirano brutal que, ao término da Segunda Guerra Mundial, impôs aos países liberados pela União Soviética regimes igualmente tirânicos.
Porém, é impossível igualar o comunismo ao nazismo: este foi incomparavelmente pior. Remeto ao artigo que escrevi em maio de 2005, onde mostro pormenorizadamente porque não se pode comparar comunismo e nazismo. O link do artigo é
http://port.pravda.ru/main/2005/05/14/7863.html
A argumentação da APCE é a seguinte: o comunismo, embora pregasse a igualdade, a justiça e a liberdade, foi origem de abusos, tiranias e crimes; portanto é um ideal maligno e deve ser condenado e proscrito. Com base neste mesmo argumento, poder-se-ia igualmente criticar o liberalismo e a democracia moderna: depois da Revolução Francesa, Robespierre iniciou um regime de terror massivo em nome da liberdade, da igualdade e da fraternidade. Alguns anos depois, também usando esses ideais como justificativa, Napoleão sagrou-se imperador e atacou quase todos os países da Europa.
Os Estados Unidos causaram inúmeras guerras e implementaram regimes ditatoriais supostamente para apoiar o crescimento da democracia e da liberdade no mundo. E pode-se estender bastante a lista das injustiças cometidas em nome da democracia. Se é justo criticar o comunismo por ter dado origem a guerras e tiranias, também podemos fazer o mesmo com a democracia e o liberalismo.
Não há ideal, seja político, religioso ou ético, por mais elevado e justo que seja, que não possa ser corrompido e utilizado para justificar as maiores abominações. O pacifismo absoluto e o amor universal do cristianismo também serviram como pretexto às cruzadas e à inquisição. Esta é a principal diferença entre o comunismo e o nazismo: o primeiro foi deturpado por ditadores, como Stalin, Mao Tse Tung e Pol Pot, para justificar seus crimes; o segundo não foi corrompido, era brutal e tirânico por natureza.
O artigo que escrevi anteriormente, mostrando as diferenças entre comunismo e nazismo, é concluído com a seguinte parágrafo: Ao afirmar que o nazismo era um mal menor, comparado com o comunismo, pessoas irresponsáveis e ignorantes da história estão preparando o caminho para uma reabilitação dos ideais de Hitler em um futuro não muito distante.
O gérmen do nazismo, que cresce forte na Letônia e na Estônia, logo pode começar a se espalhar, com conseqüências difíceis de imaginar, mas com uma certeza: serão terríveis. Infelizmente, parece que o Parlamento Europeu está corroborando esta afirmação pessimista. Carlo MOIANA Pravda.ru Buenos Aires
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