OMC: Nasce o G110

Cento e dez países estão unidos no G110, um agrupamento dos países de rendimento médio e baixo em vias de desenvolvimento. Estes países pedem uma única coisa – que os Estados Unidos da América e a União Europeia pratiquem o que pregam.

Os EUA e U.E. dizem que representam práticas comerciais livres e justas e falam acerca da importância da economia de mercado no modelo capitalista. O que praticam é qualquer coisa totalmente diferente, nomeadamente práticas comerciais condicionadas e intervencionistas que protegem seus próprios mercados contra os países que tentam competir com eles.

É a antítese do modelo capitalista-monetarista que demonstra claramente que o modelo tem falhas desde os seus alicerces. Depois de se reclamarem durante décadas contra a economia controlada e o intervencionismo do estado em ciclos económicos, que foi o caso na União Soviética, Washington e Bruxelas fazem precisamente a mesma coisa.

Herói

O herói do dia é o Ministro de Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, o líder do G20, um grupo dos 20 países em desenvolvimento com rendimento médio, que conseguiu forjar um posicionamento comum com os países em desenvolvimento de baixo rendimento, formando um bloco coeso de 110 países – o G110.

Anti-heróis

Os anti-heróis são Washington (quem é que havia de ser?) e agora a U.E., que passam seu tempo na reunião da OMC em Hong Kong a culparem a outra parte pela sua intransigência.

Nem um lado, nem o outro, estão preparados para fazer quaisquer concessões e pretendem reter o sistema de subsídios para os seus próprios produtores, mantendo os seus empregos e artificialmente baixando o preço das comodidades em questão, e as tarifas sobre as importações, o que quer dizer que os bens produzidos nos países em desenvolvimento têm um preço artificialmente alto.

Estas não são os princípios de comércio livre e justo, estas não são os princípios de um mercado livre, estas não são os princípios de uma economia de mercado.

Adeus, Gleneagles

Os nossos piores pesadelos acerca de Gleneagles são bem fundados, seis meses depois da Cimeira dos G8 na Escócia ter feito promessas de acabar com a pobreza no mundo e de empenhar-se na concretização de políticas pelos países mais desenvolvidos no sentido de auxiliarem os menos desenvolvidos. De facto, terminamos o ano tal e qual como começámos – num impasse.

Os ricos têm e os pobres não têm. É assim que os ricos querem que continue e é assim que vai continuar enquanto se pratique o actual modelo económico. Por muito que alguns o defendam, simplesmente não funciona.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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