ARGENTINA TAMBÉM PAGARÁ ANTECIPADAMENTE TODA SUA DÍVIDA COM O FMI

Em novembro de 2004, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou que pagaria adiantadamente toda sua dívida com o FMI e o Clube de Paris (que reúne os maiores credores), em um total de 52,8 bilhões de dólares. Usando as reservas internacionais, imensamente ampliadas devido ao alto preço do petróleo (a Rússia agora tem a quinta maior reserva de dólares e a segunda maior de ouro), Putin conseguiria com isso que seu país economizasse dinheiro, já que o pagamento adiantado leva a uma redução dos juros, e também que tivesse maior autonomia econômica, pois assim não estaria mais sob a tutela do Fundo Monetário Internacional.

Pouco depois do anúncio de Putin, o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, disse que a Argentina também pretendia fazer o mesmo. Porém, devido às pequenas reservas que o país tinha então, não era possível fazer um único pagamento para eliminar a dívida, embora a Argentina estivesse reduzindo gradualmente sua dívida.

Além disso, esta semana o Brasil também anunciou que pagaria sua dívida total com o FMI, num único pago de 15,5 bilhões de dólares, também usando as reservas internacionais. Aproveitando o crescimento econômico e o aumento das reservas, Kirchner anunciou ontem (15 de dezembro) que também pagará o restante da dívida com o FMI, que é de US$ 9,81 bilhões. Para a Argentina, será mais pesado realizar este pagamento que para o Brasil e a Rússia, detentores de reservas internacionais muito maiores (a da Argentina é de apenas 27 bilhões de dólares, o que significa que mais de um terço dela será usado para pagar a dívida), mas Kirchner e sua nova ministra de economia, Felisa Miceli, estão convencidos que o pagamento será vantajoso, porque permitirá economizar mais de US$ 1 bilhão em juros. Além de possibilitar um maior afastamento do FMI, com a qual o presidente argentino sempre teve relações bastante tensas.

O fato que três dos países mais endividados resolveram pagar antecipadamente suas dívidas com o FMI (e, no caso da Rússia, quase a totalidade de sua dívida externa), significa que os chamados países em desenvolvimento estão cansados da tutela das organizações internacionais de crédito, em parte responsáveis pelo péssimo desempenho que estas três economias tiveram nos anos 90, e o alto custo social das reformas econômicas impostas. E significa também que estes países não seguirão uma política de emissão monetária descontrolada nem romperão relações com o FMI ou outros credores, mas buscarão um crescimento estável e sustentável. Com maior autonomia e uma menor parte de seu orçamento devotada ao pagamento de credores internacionais, Brasil, Argentina e Rússia terão mais recursos para um crescimento sustentável e para melhorar o nível de vida de suas populações. Carlo MOIANA Pravda.ru Buenos Aires

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