VITÓRIA DE NAZARBAEV É PREVISÍVEL

A 4 de Dezembro terão lugar as eleições presidenciais no Cazaquistão, país com uma população de 15 milhões de pessoas. Já hoje, os peritos em Moscovo afirmam que estas serão as eleições mais tranquilas e previsíveis no território da Comunidade de Estados Independentes. Embora no fim de Setembro a intenção de se candidatar à presidência fosse anunciada por uma dezena de pessoas, o único candidato real à vitória é o actual presidente, Nursultan Nazarbaev.

Nazarbaev é um dirigente muito experiente. Há 15 anos, ainda nos tempos soviéticos, já manifestava a intenção de ocupar os cargos de primeiro-ministro e vice-presidente da URSS e era considerado como "o Nº2" na União Soviética de Gorbatchev. Ao mesmo tempo, o desmoronamento da URSS não se tornou, para Nazarbaev, um obstáculo à bem sucedida autorealização política. A análise dos acontecimentos dos dez anos passados mostra que o Cazaquistão pós-soviético, liderado por Nazarbaev, não cometeu nenhum erro político ou económico grave, o que não conseguiram evitar muitos países vizinhos (inclusive a Rússia), pagando por isso um preço considerável.

Quanto aos cenários revolucionários "laranja" ou "rosa" de mudança do poder, estes são praticamente improváveis no Cazaquistão. Diferentemente dos seus efervescentes vizinhos meridionais, o Cazaquistão parece hoje uma ilha de estabilidade. Ao mesmo tempo, não se pode dizer que no país não há oposição. Além do partido democrático oposicionista Ak Jol (Caminho Luminoso), existem o Partido Comunista, o partido Opção Democrática do Cazaquistão e outras organizações políticas. Mas, em certo sentido, a oposição não teve sorte - e não apenas por ter fracassado nas eleições em Setembro de 2004, obtendo só 1 dos 77 mandatos no Parlamento cazaque. O fracasso nas eleições é apenas a consequência, a causa consiste em que a oposição não tem ao redor um meio nutritivo que contribua para o crescimento do seu prestígio, influência e experiência. O Cazaquistão tem altos ritmos do crescimento económico (acima de 10% ao ano) com destaque para a indústria química e a construção de máquinas. A alta procura mundial do petróleo e metais não-ferrosos ajudou o Cazaquistão a ultrapassar em 2004, um dos primeiros entre os Estados pós-soviéticos, o seu nível "soviético" do PIB de 1990.

O Cazaquistão liga as suas esperanças económicas ao aumento das trocas comerciais no quadro do Espaço Económico Único (EEU) com a participação da Rússia e Bielorrússia e a eventual adesão da Ucrânia. A aposta no EEU, cujo iniciador foi também Nazarbaev, torna, no fundo, o Cazaquistão o principal parceiro da Rússia no espaço pós-soviético e, destaque-se, um parceiro extremamente estável e seguro.

Yuri Filippov observador político RIA "Novosti"

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