PARA A PAZ NO MÉDIO ORIENTE

PARA A PAZ NO MÉDIO ORIENTE Aproveitando o aproximar de uma visita oficial a França do primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, a secretária-nacional do Partido Comunista Francês (PCF), Marie-George Buffet, enviou ao presidente francês, Jacques Chirac, a seguinte carta:

Dentro de alguns dias, o senhor vai receber Ariel Sharon, primeiro-ministro de Israel, de visita a França por convite seu. permita-me que nesta ocasião lhe transmita as nossas sérias preocupações em relação à situação no Médio-Oriente. Esta visita não deixará de criar uma viva emoção. O nome de Ariel Sharon está ligado a uma profunda crise do processo de paz, à construção de um muro de anexação condenado pelo Tribunal Internacional de Justiça e pela Assembleia Geral das Nações Unidas. Ariel Sharon ligou o seu mandato de primeiro-ministro a um desenvolvimento até agora não interrompido da construção de colonatos na Cisjordânia, ameaçando a própria possibilidade de um Estado palestiniano verdadeiramente soberano e viável. A sua recusa em concretizar o roteiro para a paz e em respeitar o direito internacional criam grandes inquietações acerca do sentido real da retirada de Gaza e das suas propostas aparentemente favoráveis a uma paz baseada numa solução de dois Estados, o Estado de Israel e um Estado palestiniano independente.

Pela sua parte, o Partido Comunista Francês considera que a retirada d Gaza tem que ser uma primeira etapa de um processo que conduza à retirada de todos os territórios ocupados na Cisjordânia, conforme o espírito e a letra do Roteiro de Paz e as resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

Por outro lado, a recente decisão sobre o traçado do muro em Jerusalém, ao separar mais de um quarto da população palestiniana do seu local de trabalho, dos seus hospitais, das escolas constitui um acto extremamente grave.

Esperemos que essa política de força não leve, no mínimo ao bloqueio do diálogo, na pior das hipóteses a um relançamento da violência, numa altura em que o presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, tem multiplicado as iniciativas para favorecer a retoma de um processo de paz num clima de segurança basicamente recuperado, mas permanentemente precário.

Estas questões leva-me a dirigir-me a si, senhor presidente, para lhe dar a conhecer o nosso desejo de ver a França e as suas mais altas autoridades marcarem uma posição pela paz no Médio Oriente que seja resolutamente ligada ao respeito pelo Roteiro para a Paz e às resoluções da ONU É urgente conseguir dos dirigentes israelitas a garantia de um empenhamento político claro e determinado num processo de paz que preserve os direitos nacionais do povo palestiniano e em particular a possibilidade concreta da constituição de um Estado palestiniano plenamente soberano dentro das fronteiras de Junho de 1967.

Neste sentido, considero que a França deve exprimir a Ariel Sharon a imperiosa necessidade de parar com a construção do muro como passo para a sua demolição e de parar com a construção de colonatos. Outras medidas urgentes deverão ser tomadas pelas autoridades israelitas, em particular o levantar do bloqueio dos territórios palestinianos bem como a libertação dos prisioneiros.

Todos saudámos a esperança nascida com o reatar do diálogo entre israelitas e palestinianos. Mas se não houver acções significativas das autoridades israelitas que se traduzam em mudanças palpáveis na vida quotidiana dos palestinianos, essa frágil esperança corre o risco de que ficar comprometida por muito tempo.

Só se avançar decididamente pela via de uma solução política, que assegure a justiça e os direitos de todos, é que a necessidade de segurança expressa pelo governo israelita poderá obter uma solução satisfatória e duradoura.

Paris, 26 de Julho de 2005 Tradução de Luís Carvalho

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