Personalidade da Semana: Tony Blair

Tony Blair explicou de forma bem clara os seus objectivos internacionais no início do ano em Davos, afirmando que durante a Presidência do G8 este ano, o Reino Unido tencionará abordar dois temas principais: África e a mudança do clima global.

Em Davos, Tony Blair disse que as cifras sobre a África falam por si – 300 milhões de pessoas sem acesso a água potável, 3.000 crianças a morrerem todos os dias de paludismo, 6.000 pessoas a morrerem da VIH/SIDA todos os anos.

Tony Blair perguntou: “O quê é que podemos fazer?”

Para o Primeiro-ministro britânico, repetir as mesmas abordagens que foram seguidas até hoje não funciona porque todos os anos saem os mesmos relatórios com as mesmas cifras (ou até piores) e os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio ficam cada vez mais inatingíveis.

Para Tony Blair, a única maneira de fazer progresso é um sistema de parcerias entre os governos africanos e os países desenvolvidos. Descreveu a relação dador-receptor como “condescendente”. Sob a nova abordagem, criar-se-iam instituições para ajudar os governos africanos a implementarem programas de boa governação, ajudando-os a criar sistemas políticos, de redução de corrupção, comerciais, legais e fiscais.

Tony Blair citou os bons exemplos da Nova Parceria para o Desenvolvimento Africano (NEPAD) e a União Africana.

Tony Blair há muito tempo tem estado a preparar sua política na África porque em Maio de 2004, estabeleceu a Comissão Africana, que tem estado a estudar os problemas do país e rasurar planos para soluções, para serem apresentados em Março deste ano, antes da Cimeira dos G8 em Junho. Metade dos membros da Comissão são africanos.

Outro mecanismo favorecido por Tony Blair é a Facilidade de Financiamento Internacional, sob o qual criar-se-ia um fundo de 50 bilhões de USD para programas de desenvolvimento. O PM britânico acredita que sem o apoio do exterior, os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio não serão atingidos.

Tony Blair quer também um cancelamento total das dívidas dos países mais pobres perante os organismos internacionais, limpando o quadro existente e ajudando-os a competir em termos iguais. “Temos de abrir os nossos mercados e cortar os nossos subsídios”, declarou Tony Blair.

Com este discurso, Tony Blair foi o primeiro líder mundial a tomar esse passo enorme, abordando o desequilíbrio causado pelas políticas da Organização Mundial de Comércio, que prega uma coisa e pratica outra, nomeadamente o proteccionismo através da imposição de tarifas de importação e a atribuição de subsídios, que garantem que os ricos ficam ricos e os pobres, trancados a chave.

Um bom exemplo da política africana de Tony Blair é a Zâmbia.

O Departamento Para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido declarou no início deste ano que se Lusaka satisfizesse os objectivos estipulados sob os directivos criados pelo Banco Mundial e o FMI para Países Pobres Altamente Endividados, cancelaria a totalidade da dívida da Zâmbia ao Reino Unido (cerca de metade da sua dívida externa).

Além do cancelamento da dívida, Londres decidiu implementar um pacote de apoio, que vale 350 milhões de USD, injectando fundos directamente para a tesouraria nacional, atribuindo 235 milhões de dólares para o pagamento da dívida externa e mais 111 milhões de USD durante os próximos três anos.

A Zâmbia é só um exemplo da política de Tony Blair para a África. Alguns chamam-no o Plano Marshall. Contudo, seria mais justo e mais certeiro chamá-lo o Plano Blair, porque Tony Blair é o pioneiro nesta política de criar as condições para os países menos desenvolvidos terem melhores hipóteses para serem competitivos e daí qualificando-se para receber programas que garantem processos de desenvolvimento sustentável.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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