É impossível falar da revolução sem mencionar a participação da mulher. Ela tem estado presente desde sempre pela liberdade, pela independência e justiça social.
Muitas, destacadas por sua valentia, não só pelo que fizeram mas por se atrever a faze-lo quando suas ações estavam proibidas.
Para destacar sua presença em cada época, mencionamos algumas:
A índia Gaitana, com seu grito de mãe ferida empreende sua ação contra o invasor que torturou seu filho e seu povo. Manuela Beltrán ascendeu a chama dos comuneiros. Policarpa Salavarrieta e Antonia Santos, guerrilheiras do Exército Libertador. Maria Cano, organizadora da classe operária em todos as paragens colombianas. Georgina Ortiz, vítima durante os combates iniciais em Marquetalia. Myriam Narváez e Judith Grisales, assinantes do Programa Agrário dos Guerrilheiros. Maria Eugenia Castañeda, filha da selva, nascida em Rio Chiquito e desaparecida pelo exército colombiano em 1985.
Como dissera Bolívar: A mulher, ah, a mulher... Nossos antepassados a consideravam inferior ao homem. Nós a consideramos nossa igual.
A ferramenta de rebeldia, arrojo e entrega à nobre luta pelos direitos dos povos, por sua libertação, está presente nas combatentes farianas desde seus antecedentes históricos.
Por causa do assassinato do caudilho liberal e dirigente popular, Jorge Eliécer Gaitán, em 9 de abril de 1948, a multidão liberal se insurge. Nove abrilenhos os batizaram. A barbaridade conservadora, alentada com as benções de padres e bispos, arremete contra os insurretos. Entre estes estavam as mulheres que, além de serem violentadas, degoladas, queimadas, abriam seus ventres para trespassar seus fetos em baionetas.
Mulher que não duvidou em amontar-se (subir rumo aos montes) junto a seu esposo e pai, para salvar a vida. Mulher que suportou, ombro a ombro com eles a fome, a dor, o desespero e a incerteza. Humilde, viva, lutadora e valente.
Mulher que diante da necessidade de enfrentar esta barbárie que não parava e que pretendia acabar com tudo o que cheirasse a sublevação, rebelião, defesa da vida, se organizou igual aos homens. No processo organizativo que se depreende desta etapa de amontados, a mulher assume tarefas.
No comando do Davis, um dos assentamentos mais importantes de guerrilheiros comunistas, ao sul do estado do Tolima, pelos anos 50, havia aproximadamente 400 mulheres.
A mulher se elevava ao participar da luta guerrilheira, como forma superior de ação. Passou à primeira linha de combate, à inteligência militar, aos explosivos, ao comando de tropas, à instrução político-militar, a trabalhar nos meios de comunicação e propaganda, como locutoras, escritoras, técnicos ou diretoras. Em fim, assume para si toda a atividade da guerrilha.
Na atualidade a participação das mulheres na vida fariana chega a 40% aproximadamente. Gozamos de espaços em condições de igualdade para aportar, aprender e nos desenvolver na teoria e na prática.
Quando finalmente se passe do anonimato ao reconhecimento de seu importante papel e contribuições, se lhe fará justiça na história. Deixaremos de ser uma minoria, um objeto e passaremos a ser parte substancial da humanidade. Na prática continuaremos o desenvolvimento que necessitamos para continuar aportando.
Por isso a importância do Dia Internacional da Mulher e a necessidade de amplia-lo. O 8 de março que propôs Clara Zetkin é o dia para divulgar perante o mundo as discriminações pelas quais passa e tem passado a mulher. É um dia de luta pela construção de uma nova sociedade em que a mulher consiga finalmente o reconhecimento de seus direitos.
Nas FARC-Exército do Povo as mulheres nos sentimos realizadas em nossa condição de lutadoras revolucionárias. Temos conseguido o espaço entre os milhares de combatentes. Operárias, camponesas, estudantes, profissionais, intelectuais, do Crisol de raças colombiano, aqui têm certamente. O futuro da Colômbia e de Nossa América não pode ser de quintal dos ianques, com a miséria, indignidade e violência que isto significa.
Nestes quarenta anos de luta das FARC-Exército do Povo, as mulheres temos conseguido progressos fundamentais no que diz respeito à participação em igualdade de condições. Homens e mulheres nos comprometemos com as determinações dos organismos de direção e cada um oferece o que sabe, pode e deve fazer. Ombro a ombro com nossos camaradas continuamos a luta pela segunda e definitiva independência e pelos direitos específicos das mulheres. Conscientes de que isto só é possível, agora nas FARC-EP e na nova sociedade que construiremos com o triunfo da revolução.
Olga Lucía Marín
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