A Semana Revista

As boas notícias: os países membros da CPLP caminham cada vez mais juntos, adoptando a Declaração de Fortaleza, a Rússia declara que eliminou os bandos de terroristas da Chechénia, FC Porto ganha de forma brilhante a Taça da Liga dos Campeões e inicia o Rock in Rio em Lisboa.

De Abu Garib a Abu Garob

Soluções simplistas para diminuídos mentais, pelo funcionalmente analfabeta Bush.

George Bush tem uma solução imediata e simples para os seus muitos problemas – varrê-los debaixo do tapete, sorrir e fingir que está tudo bem. Entregar o poder no Iraque, demolir a câmara de tortura medieval chamado Abu Ghraib e pronto! Que bonito está o maravilhoso mundo novo em que vivemos!

O mau da fita foi-se embora, seus filhos também, o regime foi derrotado, o povo iraquiano está livre, bem vindos à liberdade e democracia, estilo Washington. Os EUA sai do Iraque, que tem uma democracia moderna, missão cumprida, os rapazes voltaram a casa. Vamos fazer a festa! Vamos votar em Bush!

Contudo, o mundo real não é assim tão limitado, o mundo real não é um cenário perfeito acerca do qual George Bush terá lido nos seus livros de banda desenhada (é sabido que ele prefer livros com muitos desenhos e fotografias grandes). O mundo real não se baseia na abordagem tipo cowboy de “Ou está connosco ou contra nós”.

Por muito que o George Bush deseja imitar John Wayne, nem tem a classe, nem a inteligência, parecendo mais a escória bêbeda do OK Corral. Nem ler sabe. Tentou dizer Abu Ghraib três vezes no seu discurso ao povo norte-americano, em que ele tentou diminuir o impacto negativo do desastre chamado a incursão militar de Washington no Médio Oriente. A primeira vez, disse Abu Garib, a segunda, Abu Garob e a terceira, Abu Garab. Depois sorriu com cara de parvo. Pois…

Mais uma vez, George Bush tenta enganar seu povo, tenta enganar o Mundo. Não tenciona sair do Iraque, tenciona estacionar aí nada menos do que 138.000 tropas numa base permanente, alvos de ataques enquanto ocupam território que não lhes pertence, fonte para justificações para ataques nos Estados Unidos da América contra civis, em retaliação. Em vez de diminuir a ameaça à segurança nacional, Bush aumenta-a exponencialmente.

O Iraque não está pronto para uma entrega de poder porque o acto de chacina chamado a “Guerra” deixou este país sem um Estado, e com o mesmo número de facções que existiam quando Saddam Hussein subiu ao poder. O acto ilegal de chacina também deixou milhares de familias sem entes queridos, muitos destes crianças. Não esquecem, nem nunca esquecerão. O acto ilegal de chacina que escolheu como alvos as infra-estruturas civis (crimes de guerra), que deixou bombas de fragmentação em áreas residenciais (crimes de guerra), que deixou vastas áreas do país com um nivel de radiação perigosamente alto por terem utilizado munições com urânio empobrecido (crimes de guerra), deixou o povo do Iraque, da Nação Árabe e duma fatia substancial da população mundial com um ódio profundo e sentido de Washington e de tudo que é norte-americano.

É este o legado de Bush, é este o legado das suas soluções simplísticas para diminuidos mentais, acreditando como ele acredita que o povo dos Estados Unidos é tão estúpido como ele ou tão maldoso como seu regime.

Demolir Abu Ghraib (não é Garib nem Garob, como Bush diz) não justifica o que aconteceu, não limpa a pedra de laje. Os actos sistemáticos de tortura perpetrados aí não por “poucos” mas por muitos norte americanos não podem, nem serão, esquecidos. Que estes actos de tortura e que este acto chocante de chacina de inocentes sejam o legado do regime de Bush.

Que a sua rotunda incapacidade de falar inglês seja uma lembrança constante da sua incompetência para seu posto. Custou aos trabalhadores dos EUA duzentos mil milhões de dólares do seu dinheiro (que terão de pagar, só que nem o sabem ainda), envolveu seu país numa guerra ilegal, fez de norte-americanos criminosos de guerra, é responsável por um acto de assassínio em grande escala, é responsavel pela destruição propositada de infra-estruturas civis com equipamento militar, incluindo casas, é responsavel por dezenas de milhar de mortes e mutilações (mais que 45.000 colectivamente), é responsavel por destruir os futuros de mais que mil crianças, é responsavel por deixar vastas áreas de território com niveis de radiação perigosamente altos.

A ele acha que pode destruir Abu Ghraib e fingir que os Estados Unidos da América, ao sairem do Iraque, nada fizeram (deixando por trás 138.000 tropas) ?

Parece o marido que apanhou uma bebedeira, deu um ponta-pé ao cachorro, caiu da bicicleta, teve uma altercação com um Pretzel, vomitou a cama e no dia seguinte concorda obedientemente com tudo que a mulher lhe diz, com um grande sorriso, tentando fingir que nada aconteceu.

Esse comportamento pode estar bem no Texas ocidental. Mas é inaceitavel por um presidente dos Estados Unidos da América. São horas para uma mudança de regime. George Bush enganou o mundo.

EUA utiliza Urânio Empobrecido no Iraque

O nível de radiação em Bagdade é considerado perigoso para a vida humana.

Várias regiões de Bagdade estão contaminadas com urânio empobrecido, utilizado pelas forças armadas dos Estados Unidos da América, contra a Convenção de Genebra.

A Organização International Action Center (IAC) nos EUA emitiu um relatório na semana passada que afirma “durante a guerra no Iraque, os Estados Unidos aumentaram a quantia de urânio empobrecido das 375 toneladas em 1991 a 2.200 toneladas, utilizadas em 2004”.

No mesmo relatório, a IAC diz que “Leituras dos contadores de radiação Geiger mostram que o nível de radiação estão acima da norma por entre mil e duas mil vezes em vários pontos no centro de Bagdade”.

A IAC afirma ainda que cerca de metade dos 697.000 veteranos da Operação Desert Storm (1991) e seus filhos foram diagnosticados com graves problemas de saúde devido ao terem sido expostos directamente ao urânio empobrecido.

É mais um crime de guerra perpetrado pelo regime de Washington.

Darfur, pobre demais para ser lembrado

Três milhões de pessoas internamente deslocadas, centenas de milhares de pessoas refugiadas nos países vizinhos, actos de chacina, de massacre, de pessoas cortadas aos bocados com machados por serem negros e não árabes pelos milícia Janjaweed (que só depois de muita pressão pela comunidade internacional o governo de Curtume, liderado pelo Presidente sudanês Hassan Al-Bashir, decidiu desarmar).

A ONU classifica o que tem acontecido em Darfur como “a pior crise humanitária”. Não exagera. Aldeias destruídas, saqueadas, queimadas, estupro, falta de água, falta de comida, colheitas destruídas, sementeiras por fazer a poucos dias das chuvas, assassínio, crianças órfãos, crianças sem saberem onde estão os pais e agora, Ebola. Pode ficar pior?

O cessar-fogo assinado esta semana entre o governo sudanês e o Presidente do E/MLPS (Exército/Movimento de Liberação do Povo do Sudão) John Garang termina duas décadas de violência étnica entre os árabes (maioria étnica, no norte do país) e os negros no sul, onde há petróleo. Os primeiros lutam para o domínio integral do território, os últimos pela protecção da sua cultura e mais representação no governo em Cartum. Porém o cessar-fogo não se estenda a Darfur.

Onde está esta história? Varrida por baixo da tapete, como sempre, esperando que ninguém a vê e que seja esquecida. A ONU precisa de 8,8 milhões de USD para os programas de alimentação, que são fundamentais para evitar que a catástrofe seja pior ainda, visto que já é tarde demais para as sementeiras e a dependência alimentar num prazo médio já é uma certeza, não uma probabilidade. Só que a ONU somente consegue angariar 3 milhões…isso enquanto George Bush e seu clique de elitistas neo-conservadores gastam 200.000.000.000 (duzentos mil milhões) de USD no seu acto de chacina no Iraque.

Poderemos todos reflectir um pouco este Domingo sobre o tipo de mundo que criamos? Talvez assim poderemos chegar a uma conclusão sobre aquilo que está errado e tomarmos as medidas correspondentes.

Educação: CPLP aprova Declaração de Fortaleza

Os Ministros da Educação dos oito membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa aceitaram o diploma chamado Declaração de Fortaleza, sobre o ensino superior.

O documento, proposto por Portugal, estabelece o ensino superior como prioridade e objectivo nos países membros, nomeadamente Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-leste.

Haverá uma maior inter-ligação da rede de universidades nestes países (Associação das Universidades de Língua Portuguesa), para reforçar os laços de cooperação.

Portugal apresenta-se como porta de entrada da União Europeia para os outros países membros da CPLP no que diz respeito à angariação de fundos para o financiamento dos programas de educação superior.

A Declaração de Fortaleza não esquece também a área de formação técnico, cobrindo os cursos médios, nomeadamente os cursos técnico-profissionais, que fazem falta em todos os países membros.

A CPLP caminha cada vez mais junto, na senda duma co-existência baseada em igualdade, colaboração, amor pelo próximo. Que bonito.

Rússia anuncia “exterminação de terroristas”

A Federação Russa anunciou ontem que uma operação especial no sul da República da Chechénia conseguiu expulsar ou liquidar os elementos terroristas que têm estado a desestabilizar a região, enquanto sob o disfarce de “guerrilheiros pela liberdade” implantaram suas redes habituais de tráfico de armas, de drogas e de seres humanos.

A ver por quanto tempo a situação dura, com os Estados Unidos da América tão bem implantados no vizinho Geórgia, que tem sido suspeito de dar abrigo aos bandos de terroristas na Vale de Pankissi.

Fantástico FC Porto vence Liga dos Campeões

Campeão dos Campeões, Futebol Clube do Porto fez um sinal bem claro a aqueles que disseram que com a remodelação da Liga das Campeões, seria impossível repetir a proeza de 1987. Mas repetiu, mostrando que com bom trabalho, com uma mistura de gentes sem preconceitos se pode formar uma equipa de sucesso.

Portugueses, brasileiros, um sul-africano e um russo, europeus, sul-americanos e africanos, todos juntos, todos iguais. É assim que se caminha em frente, não com restrições e imposições e vistos e expulsões e racismo e xenofobia.

Parabéns ao FC Porto, por vencer a competição de forma tão clara, parabéns ao finalista vencido, AS Mónaco FC, que não mereceu perder por 3-0 (mas a bola é redonda, como se costuma dizer), parabéns ao José Mourinho (que na Inglaterra vai ter todas as condições financeiras que não teve em Portugal mas que vai conhecer todas as exigências também), parabéns aos jogadores e parabéns ao Presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, que desde 1982 tem dado muita alegria a muitas pessoas, na forma brilhante como ele dirige o clube.

Rock in Rio em Lisboa

Nome estranho, mas um grande evento. Rock in Rio começou na sexta-feira com o concerto de Paul McCartney e vai continuar durante seis dias.

Rock in Rio em Lisboa não é um evento qualquer. É um evento em que participarão, além de Paul McCartney, Britney Spears, Sting, Metallica, Peter Gabriel, Evanescence, Bem Harper and The Innocent Criminals, Alejandro Sanz, Mariza, Rui Veloso, Xutos & Pontapés, At-Tambur, Luís Represas, Alicia Keys entre muitos outros, durante seis dias de festa e boa disposição.

600.000 bilhetes vendidos. Grande sucesso.

Devemos mencionar os nomes que tornaram possível este Acontecimento em Lisboa, que merece letra grande pela importância cultural do evento. Roberto Medina, director e fundador do Rock in Rio no Brasil, Roberta Medina, sua filha, directora do evento em Lisboa, Pedro Santana Lopes, Presidente da Câmara de Lisboa, que acolheu o projecto pelo impacto que faria em termos de turismo. Pedro Pinto, o empresário português que foi ao Rio com o intuito de trazer o projecto para o outro lado do Atlântico.

A meta do Rock in Rio é a promoção dum mundo melhor, um mundo em festa. Os artistas que vieram para Lisboa, não vieram por acaso…são os favoritos dos portugueses, e foram escolhidos só depois de muita pesquisa por organismos experientes na recolha de dados sobre a opinião pública.

Lisboa e Portugal se colocam no roteiro da cultura, impulsionados pelo irmão brasileiro…agora é preciso continuar neste caminho - juntos e não zangados.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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