Ouçamos os mais sábios

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Há algumas semanas tivemos a visita do filósofo francês Bernard-Henri Lévy, convidado pela CONIB, Confederação Israelita do Brasil.

Bernard-Henry Levy é nascido na Argélia, de uma família judaica que se mudou para a França em 1954, onde mais tarde viria a se tornar popular por suas opiniões fortes, sendo reconhecido como um filósofo político e defensor social.

Além de filósofo e escritor, Lévy é diretor de teatro e cineasta, empresário e editorialista de revistas e jornais. É uma personalidade conhecida e polêmica na cena pública francesa e internacional. Tornou-se em 1976, um dos líderes do movimento denominado os «novos filósofos», constituído por filósofos e intelectuais engajados. Desde então, esta denominação ficou ligada à sua obra.

Nesta sua passagem pelo Brasil, BHL, como é conhecido, fez questão de enfatizar que americanos, franceses e brasileiros "erram ao crer que estão resguardados. "

Levy avisa que os políticos, eleitos ou não, quem têm uma ênfase populista, podem estar induzindo os judeus a erro ao afirmarem que são nossos amigos.

O filósofo afirma que qualquer afago destes políticos é perigoso, pois o populismo sempre desagua no antissemitismo.

Quando perguntado onde se encaixa o antissemitismo no século XXI, sua resposta é que se localiza na confluência de três fenômenos: o antissionismo, o negacionismo e a competição das minorias. São esses três temas que, quando colocados juntos, criam essa bomba atômica moral que pode levar ao novo antissemitismo.

Levy também afirma que antissionismo e antissemitismo são duas coisas diferentes. As pessoas podem ser antissionistas sem serem antissemitas.

Muitos cidadãos no mundo, e até judeus bem-intencionados, podem ter críticas em relação à condução da política em Israel, mas, de maneira nenhuma, são antissemitas.

Entretanto, BHL afirma que criticar Israel no seu princípio de existência, dizer que Israel não tem legitimidade, dizer que o sionismo, que é um princípio legítimo, é um mau princípio, isso é antissemitismo.

Em relação aos episódios de antissemitismo que aumentaram consideravelmente na Alemanha, na Europa e até nos Estados Unidos, o filósofo cita o clima de ódio instaurado nos países contra as minorias e os imigrantes.

Judeus podem até achar que ao se atacarem minorias, os judeus estão imunes, mas qualquer ataque desta natureza acaba desembocando no antissemitismo.

Sua certeza vem de uma crença: "As lições da história do Ocidente são inexoráveis: o nacionalismo, o populismo e a negação do outro sempre resultam que, um dia ou outro, os judeus serão vítimas, e o antissemitismo crescerá. "

Como eu, Bernard Henry Levy é também um crítico ácido da ONU e da Unesco, e sugere que são organismos de propaganda antissionista. Ele até nos elucidou explicando que personalidades impactantes da filosofia francesa, como Jean-Paul Sartre e Michel Foucault condenaram veementemente certas declarações destes organismos como sendo racistas.

Finalmente, BHL afirma que o Ocidente está fraco e que seu enfraquecimento deriva do populismo. Defende que o Ocidente seja fiel a seus valores. Explica que o que distingue os valores ocidentais é a filosofia das Luzes. A tolerância, a abertura de espírito, o espírito crítico, o respeito às minorias, colocar o outro antes de si, o amor à cultura, o respeito à inteligência.

Nós, judeus, que acabamos de celebrar Chanucá, nos identificamos fortemente com a Filosofia das Luzes, há séculos e séculos.

Enfim, podemos discordar de uma, outra, ou muitas coisas que este qualificado filósofo francês advoga, porém, seu aviso é extremamente importante e não podemos baixar a guarda e pensar que estamos plenamente seguros.

No decorrer da história, cada vez que o judeu acreditou neste discurso, acabou sofrendo tragédias inimagináveis.

Podemos tentar ser otimistas, mas que sejamos cautelosamente otimistas.

Floriano Pesaro
Deputado Federal

 

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