Dia Internacional da Mulher

É um comentário muito deprimente sobre a nossa sociedade, o facto que todos os anos se realiza um Dia Internacional da Mulher que por sua vez nada produz em termos práticos. Uma leitura dos factos faz com que se tem vergonha.

Há sessenta longos anos, a igualdade dos géneros foi cinzelada nas páginas da Carta da ONU, mas o tráfico das mulheres continua, as mulheres são desproporcionalmente representadas nos sectores mais pobres da sociedade e nas populações infectadas com VIH/SIDA, têm menos oportunidades de receberem uma educação do que os homens e a participação em governo e no processo de tomar decisões é menor numa escala mundial.

A Conferência de Beijing em 1995 realçou as áreas em que as mulheres eram mais vulneráveis, colocando as bases para uma igualdade de géneros. Passados dez anos, o quê é que conseguimos?

Noeleen Heyzer, Directora Executiva do Fundo de Desenvolvimento da ONU para as Mulheres, declarou recentemente que “Ainda é a cara duma mulher que se vê quando se fala da pobreza, da VIH/SIDA, de vítimas de conflitos violentos e distúrbios sociais, de tráfico de seres humanos”. Rachel Mayanja, Conselheira Especial de Kofi Annan sobre Assuntos Relacionados com o Género, acrescenta que “a desigualdade dos géneros está profundamente radicada na política, na legislação, nos atitudes, nas tradições e nas instituições das sociedades”.

Porém, a Conferência de Beijing aconteceu vinte anos depois da primeira conferência da mulher na Cidade de México, o mesmo país que hoje é alvo dum relatório especial da ONU sobre a violência contra as mulheres. Assassínios, prostituição forçada, assaltos sexuais, violência doméstica e discriminação sexual são referidos no relatório elaborado por Yakin Erturk, Conselheira Especial da Comissão da ONU de Direitos Humanos sobre a violência contra as mulheres. O relatório declara que “no caso de julgamento, as sentenças são fracas” e acrescenta que “há alegações que os testemunhos às vezes são obtidos sob actos de tortura”. Recentemente, Kofi Annan revelou que das 100 milhões de crianças de idade escolar fora do sistema educativo, a maioria são moças que são forçadas a desistirem da escola para poderem apoiar o resto da família com dinheiro ou trabalho. Os rapazes é que vão às aulas, saem para a cidade e conseguem construir seu futuro, as moças ficam para trás sem esperanças e sem gozarem de qualquer igualdade de género de facto.

Será que hoje vai marcar qualquer mudança real, que produz resultados tangíveis nas vidas diárias de tantas milhões de mulheres, que mais parecem pesadelos que vidas, ou será mais um dia em que se diz muitas palavras de ocasião e depois se vira o disco e toca a mesma música?

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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