Luciana faz balanço de 2005

"O ideograma chinês que simboliza a palavra crise é uma composição das palavras risco e oportunidade. Um boa síntese do ano de 2005: o risco e a oportunidade. Em um momento de crise o risco de errar é grande e o preço é alto, mas a oportunidade que os acertos nos oferecem são enormes. Não tenho dúvida que nosso balanço é muito mais de acertos que de erros. Corremos o risco e soubemos aproveitar a oportunidade que a conjuntura política nos ofereceu para consolidar um projeto e afirmar uma alternativa.

2005 foi um ano que ficará marcado na memória política do país. Tão marcado, ou até mais,do que o ano de 2002, quando após 3 tentativas fracassadas Lula venceu as eleições presidenciais. Um ano como paradoxo do outro. 2002 foi o ano da esperança de milhões, das expectativas de mudanças, para muitos parecia que finalmente a chance dos de baixo tinha chegado. 2005 foi o oposto. Ápice da frustração que já havia começado lentamente em 2003, foi o ano da indignação, da queda brutal da popularidade do governo Lula, do desabamento da confiança popular no PT.

Foi também um ano de grandes lutas como a dos sem teto de Goiânia; a greve nacional dos trabalhadores dos correios e dos servidores públicos federais; as mobilizações contra o aumento das passagens de ônibus em Santa Catarina e em Pernambuco e de muitos outros enfrentamentos que a classe trabalhadora e o povo pobre ousaram fazer. Estivemos em cada um destes embates. Este foi também o ano do PSOL. Não só por que conquistamos nossa legalidade em um esforço hercúleo da militância que conseguiu coletar mais de 700 mil assinaturas de apoio. Também por que diante da crise política aberta pelo mensalão ficou categórico o acerto político daqueles que ainda em 2003, no auge da popularidade de Lula e do PT, ousaram discordar, resistir e fincar pé na defesa das bandeiras de luta abandonadas pelo PT.

A legalidade conquistada pelo PSOL às vésperas do prazo fatal da lei eleitoral para viabilizar nossa participação nas eleições de 2006 foi a garantia de que a esquerda socialista poderá postular-se como alternativa. Nos constituímos em um pólo de atração para todos os que querem seguir lutando, um projeto que tem plenas condições de se desenvolver e estamos totalmente empenhados nesta tarefa. A legalização e o crescimento significativo do partido ao longo de 2005 é uma prova desta oportunidade.

Nosso mandato, junto com o mandato da senadora Heloísa Helena e do deputado Babá, foram decisivos nesta construção. Foram longos meses de dificuldades em nossa atuação parlamentar, pelo fato de ainda não termos o partido legalizado, mas mesmo assim marcamos os debates políticos com a nossa voz, denunciando a corrupção, os acordos do PT com PSDB para proteger os seus, fazendo propostas para tirar o país da crise e chamando à luta por uma verdadeira democracia, contra o estelionato eleitoral e a fraude do poder econômico; uma verdadeira soberania nacional que liberte o país das amarras dos interesses dos mercados e do capital; e por uma verdadeira abolição da moderna escravatura do desemprego, dos salários aviltantes, da ausência de direitos sociais para os pobres. Eu tive a honra de ser escolhida a primeira líder da bancada do PSOL na Câmara, tarefa que busquei desempenhar com seriedade, combatividade e coerência, marcas da atividade política do PSOL."

Lucuana GENRO

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