Cinetista brasileiro cria mouse ocular

A Fundação Paulo Feitoza (FPF), sediada em Manaus (AM), é uma entidade sem fins lucrativos que acaba de criar o Mouse Ocular. Trata-se de um aparelho que possibilita aos deficientes físicos com tetraplegia o acesso irrestrito ao uso de computadores. Um simples piscar de olhos funciona como se o usuário acionasse o botão de um mouse tradicional.

O mouse ocular permite capturar e codificar digitalmente os movimentos do globo ocular, transformando-os em comando de um software. A idéia do equipamento partiu do engenheiro eletrônico e professor da Universidade Federal do Amazonas, Manuel Cardoso, depois de visitar, em 1996, um paciente que teve as vértebras rompidas em um acidente e ficou sem movimento algum, mexendo apenas os olhos.

Depois de estudar o globo ocular e os sinais que movimentavam a íris, o pesquisador criou uma solução que captura e codifica digitalmente os movimentos do globo, transformando-os em comando de um software. O mouse ocular foi criado através de um sistema de hardware e software capaz de converter o movimento dos músculos que estão ao redor do globo ocular em sinais elétricos. O mouse ocular é usado em volta dos olhos, sendo controlado por eles. O equipamento utiliza eletrônica e sensores tipo eletrodos para traduzir os movimentos e clique de cursor, respectivamente, de tal forma que pode ser utilizado praticamente em qualquer atividade usando o mouse tradicional, inclusive navegação na web.

A princípio, a FPF contou com o apoio das empresas Sweda (fabricante sueca de caixas eletrônicas) e Olivetti (fabricante de aparelhos de fax, calculadoras eletrônicas, impressoras de jatos de tinta e acessórios de máquina em geral), sendo esse investimento superior a R$ 1,5 milhões somente na fase inicial do projeto.

Uma nova fase foi iniciada em 2003, com o apoio das empresas Thomson Multimídia, a empresa Philips MDS e a empresa Samsung SDI que, em conjunto com a FPF, investirão nos próximos 24 meses mais R$ 2 milhões. Quando ficou pronto, entretanto, a empresa que se interessou em produzi-lo foi a CCE.

Com cerca de 230 profissionais em pesquisas, a Fundação exerce, seguindo a mesma trilha do Mouse Ocular, outros três projetos de inclusão social de portadores de deficiência. A Lanterna Para Cego é formada por um sonar que identifica obstáculos a frente do usuário que recebe, logo em seguida, o alerta sonoro. Outro projeto trata-se da Voz do Mundo onde uma luva sensorizada é capaz de captar a linguagem gestual. Com um software o alfabeto é transformado em voz e um alto-falante transmite a mensagem. E finalmente o Leitor Para Cego é um aparelho composto por um canhão de luz que escaneia textos comuns editados em livros e revistas e os transforma em voz via software.

Tecnologia ao alcance do portador de deficiência física

A estudante de enfermagem Luciana Gonçalves Novaes, de 20 anos, que perdeu os movimentos do pescoço para baixo após receber um tiro de pistola quando se encontrava no pátio da Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, em 2003, está passando e-mail, pretende escrever um livro e logo tem perspectivas de criar um site na Internet. Tudo isso é possível porque ela está se comunicando através do mouse ocular, uma alternativa para as pessoas que estão impedidas de andar ou realizar qualquer tipo de movimento em decorrência de acidentes ou doenças.

A Fundação Desembargador Paulo Feitoza foi criada em 1998 com a finalidade de realizar projetos de Pesquisa e Desenvolvimento nas áreas de: informática, automação, biodiversidade e biotecnologia, assim como apoiar atividades culturais. Para a realização dos projetos, a Fundação conta com uma equipe especialmente treinada e capacitada preenchendo importante função econômica e social para o desenvolvimento da área tecnológica, acadêmica e empresarial, contribuindo para o progresso do Amazonas e do Brasil. Andreia Quaiat PRAVDA.Ru SÃO PAULO, BRASIL

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