Portugal precisa de Quem?

Que Aníbal Silva é grande, é. Começando pela cabeça. E é magro, o que infelizmente lhe dá aquela imagem péssima nos ecrãs de televisão, onde um Presidente necessariamente tem de passar grande parte do seu tempo.

Mas referindo a aquele outdoors “Portugal precisa de Si”, por quê aquele S maiúscula? Só se vê tal coisa na Bíblia. Será que Aníbal Silva, depois de uma travessia do deserto durante dez longos anos, agora pensa que é Deus? Andou a comer gafanhotos e mel? Cuspir gafanhotos é com ele, é verdade mas...falando a sério, é gravíssimo o uso do S maiúscula, é um blasfemo, porque Si com S grande, só Deus.

Outra frase utilizada por esse candidata é Portugal Maior. Mas que hipocrisia. Quem foi o principal responsável por Portugal estar no lastimável estado em que está é precisamente Aníbal Silva, que gosta de se apresentar como um grande economista, mas mais uma vez de grande não tem nada, só se fosse o ego. Foi Aníbal Silva o responsável pelo país durante a década após a adesão à Comunidade (de então).

Milhões de contos foram simplesmente esbanjados e toda a gente o sabe. Quantas firmas aplicaram para fundos da CE na altura e quantas pessoas estavam mais preocupadas em comprar um Jeep novo ou fazer uma remodelação à casa? E quantos destes receberam um segundo fundo perdido, e um terceiro, e um quarto, e um quinto? Foi uma vergonha!

Há dez anos, Aníbal Silva se apresentou para ser Presidente depois de ter levado seu partido, o PSD, para a sarjeta da vida política (razão pelo qual fugiu e entrou naquele tabú, palavra que é inteiramente ligado à sua pessoa). De facto a candidatura de Aníbal Silva fica cada vez mais absurda com cada dia que passa. Entra em tabús porque sabe muito bem que o pior inimigo de Aníbal Silva é o próprio, é a sua voz, é a sua boca, é sua cara, é aquele pestanejar constantemente como se estivesse a tentar apresentar um ar de inteligente...depois abre a boca e estraga tudo, por isso é que anda caladinho.

É o candidata do silêncio. Imaginem-no como Presidente.

Outra questão é a ideia que grassa por aí que Aníbal Silva vai ganhar. Por quê é que havia de ganhar? Alguém o queria em 1995 quando foi derrotado com o rabo entre as pernas? Por qualquer razão foi. Se as pessoas não o queriam em 1995, e se ele nada fez na vida pública desde então (graças a Deus), então por quê reabilitar a pessoa que fez com que seu partido fosse odiado, reabilitar a pessoa que lançou Portugal num declive económico acentuado, que é inculto, que não tem qualquer faceta do perfile de Presidente?

Porque é honesto, dizem alguns. Pois claro que sim, e espero bem que seja. Jerónimo de Sousa é honesto, também Francisco Louçã, Mário Soares e Manuel Alegre. Por isso eleger o candidata Silva porque é “honesto” é um absurdo, como se fosse grande coisa e não seu dever.

De facto, o candidata Silva não tem um único ponto ao seu favor. Não tem competência, nem tem perfil, nem historial, não tem jeito, nem sabe falar, tem péssima imagem da comunicação social e ainda por cima, á arrogante e prepotente.

É o candidata para dividir a sociedade portuguesa tal e qual como fazia entre 1985 e 1995, quando Espanha e os espanhóis se distanciavam cada vez mais de Portugal. Hoje, o espanhol ganha mais e paga menos do que o português. Aníbal Silva tinha a faca e o queijo na mão, mas ele preferia andar em grandes comboios de carros e motos com batedores policiais, preferia estar num bunker (que absurdo!) durante a primeira guerra do golfo e preferia dizer frases to tipo que nunca tinha dúvidas e raramente se enganava. Depois foi a São Tomé e subiu um coqueiro, fazendo figura de palhaço. Macaco Silva.

Ele talvez a ele não se engana. Mas quanto ao eleitorado, ele não tem o direito de os enganar outra vez. Cabe aos que sabem a verdade, que sabem como é o Aníbal Silva, que viveram o pesadelo do Cavaquismo, dizer de viva voz que esta candidatura não presta. É uma candidatura de divisão, é uma candidatura de desunião, é uma candidatura baseada num desejo de aparecer, de ser protagonista, de estorvar o governo e de levar a sociedade à ruptura, tal como é habituado a fazer.

Os académicos pertencem na faculdade a darem aulas e corrigir testes, não brincar com a política e brincar com a vida pública de forma leviana. Portugal é um país sério e precisa de um político sério, não um zero à esquerda que tem medo de falar.

Por amor a Portugal, espero profundamente que o povo português acorda depressa e começa a lembrar por que razão é que ninguém queria esse candidata há dez anos atrás.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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