CIPRIANO JUSTO LANÇA NOVO LIVRO

Será na próxima quinta-feira, dia 6 de Outubro, em Lisboa, na FNAC do Chiado. Cipriano Justo, médico e professor universitário, foi sub-director-geral da Saúde e é o porta voz da Associação Renovação Comunista

Vai ser lançado um novo livro coordenado por Cipriano Justo, na próxima quinta-feira, dia 6 de Outubro, às 18 horas, em Lisboa, na FNAC do Chiado

Cipriano Justo é uma das pessoas que, em Portugal, mais tem reflectido e agido na luta contra as teses neoliberais de destruição e privatização do Serviço Nacional de Saúde. Defende em alternativa a necessidade e possibilidade de o reformar e tornar mais eficiente, como forma de melhor servir a população.

Cipriano Justo é médico e docente universitário. Doutorado em Saúde Comunitária pelo Instituto Abel Salazar e professor catedrático convidado do mesmo.

Já foi um dos dirigentes do Ministério da Saúde português, com o cargo de sub-director-geral da Saúde. Foi em meados da década de 1990, altura em que se formou um consenso de esquerda em torno da então ministra socialista Maria de Belém Roseira. Justo foi então o representante do Ministério da Saúde na Comissão inter-ministerial para Timor-Leste.

Exerce actualmente funções no Centro Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, é membro da Comissão Executiva do Mestrado de Gestão dos Serviços de Saúde do ISCTE e professor no mesmo instituto. É dirigente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul e, ex-militante do Partido Comunista Português, é o porta-voz da Associação Renovação Comunista.

Cipriano Justo é já autor de diversas obras: Estado das Coisas de Estado; Saúde, uma Realidade sem Valor de Troca; Crónica de uma Insubmissão; e Acesso aos cuidados de saúde. Porque esperamos?

Sob a coordenação de Cipriano Justo, são co-autores deste livro Graciete Dias, Dália Nogueira, Fátima Nogueira, Ana Escoval e Jorge Correia Jesuíno.

A Apresentação do livro estará a cargo de Maria de Belém Roseira.

Alguma ideias de Cipriano Justo:

Estado das Coisas de Estado: (...) os padrões de saúde dos portugueses são significativamente melhores do que aqueles que se verificavam há vinte anos atrás, é porque este conjunto organizado de serviços públicos tem, mesmo assim, dado uma resposta suficiente às necessidades e aos principais problemas de saúde da população.

O combate ideológico, político, associativo, sindical e profissional pela manutenção deste património da democracia portuguesa tem sido árduo e prolongado, constituindo hoje uma das mais importantes expressões de unidade dos sectores políticos que se opõem à imposição das leis do mercado nas áreas sociais da governação. O que nesta colectânea se apresenta é o contributo individual desse vasto combate colectivo, que nos últimos anos tem conhecido novos desenvolvimentos, nomeadamente com uma demarcação mais clara das forças em jogo.

Saúde, uma utilidade sem valor de troca

Pode dizer-se que a era da eficiência técnica na saúde começou mal. Não pela tentativa de inclusão de critérios de eficiência na gestão dos serviços de saúde, mas pela estratégia seguida de desalojar os médicos da sua posição de direcção, tentando remetê-los exclusivamente para o papel de prestadores. Contudo, o médico manteve-se como o principal gerador de custos e de benefícios dentro do sistema. Nessa medida, mais do que desalojá-lo teria sido interessante conquistá-lo, exigindo-se dele novas competências e uma nova atitude em matéria de gestão de recursos.

A medicina e a economia têm, por isso, ainda um longo caminho a percorrer até que os seus discursos e a ética de cada um se compatibilizem numa prática perdurável. Uma vez que não é possível substituir os médicos pelos gestores na prestação de cuidados de saúde, a desconfiança instalada só poderá ser ultrapassada pela definição das competências dos médicos no processo de tomada de decisões em matéria de gestão de recursos.

Se a conflitualidade também tem um custo, então a estratégia para a evitar neste caso, passará provavelmente pela inclusão, logo na formação pré-graduada, do ensino da Economia da Saúde.

Acesso aos cuidados de Saúde. Porque esperamos?

"O aumento dos custos dos cuidados de saúde em todos os países europeus tem levado os governos a desenvolver políticas de contenção orçamental, e em todas as reformas encetadas nos últimos vinte anos a procura de maior eficiência e maior efectividade têm sido dois critérios sempre presentes. Procura de eficiência, no sentido de se produzir o maior volume possível de cuidados com os recursos disponíveis; maior efectividade, querendo significar a prestação de cuidados de saúde adequados às condições de quem deles necessita.

Tem havido também uma maior atenção às questões da qualidade dos serviços de saúde, em consequência tanto das exigências crescentes dos seus utilizadores como da necessidade de contenção de custos com os sistemas de saúde. As dificuldades sentidas em utilizar toda a capacidade instalada para responder a uma procura crescente vieram dar maior relevância à gestão da qualidade. Os tempos de espera podem considerar-se, neste aspecto, uma importante dimensão da qualidade dos serviços de saúde. A incorporação deste critério na lista dos padrões de qualidade obrigou à definição de tempos de espera e de listas de espera, com o objectivo de melhorar a prestação de serviços e para tornar possível comparar listas e tempos de espera entre países, entre organizações e dentro de cada serviço de saúde".

Luís Carvalho PRAVDA.Ru

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