ZE DA SILVA NUM PAÍS DE TODOS

O presidente Lula, até mesmo decidiu antecipar sua volta à Brasília para coordenar pessoalmente os esforços para a mobilização da estrutura governamental para as medidas cabíveis para a solução da demanda. A propósito, uma outra provável razão pela qual o presidente do país de todos decidiu antecipar sua volta à Brasília é que ele estivesse com medo de danificar o novo avião, durante sua visita a um país tão miserável como o Suriname.

Não se surpreende, contudo, que seja necessária a morte de alguém importante cuja morte tenha repercussão nacional e internacional, para que os governantes brasileiros, tomem providências. Em se tratando de Brasil, mais precisamente, o Brasil de todos, é perfeitamente compreensível.

Por exemplo, o traficante Elias Pereira da Silva, vulgo Elias Maluco, estaria na prisão se ao contrário do jornalista Tim Lopes, houvesse sido um Zé da silva qualquer, a ser morto? Uma vez que a morte de Tim Lopes teve repercussão internacional, os comandantes da polícia do Rio de Janeiro, logo se apressaram em solucionar o caso com a prisão do referido traficante o que comprovou que a polícia, devidamente motivada, se torna muito eficiente.

A propósito, na busca pelos restos mortais de Tim Lopes, encontraram-se muitas ossadas pertencentes a “Zés da Silva” que estavam lá apenas para atrapalhar a investigação.

Isto se repetiu no caso Hichtofen, em São Paulo e Starrelli, no Rio de Janeiro. O caso Starreli, a propósito, foi uma grande oportunidade para que o showman Anthony Garotinho, então, Secretário de Segurança, aparecesse diante dos holofotes.

Foi necessário que houvesse um seqüestro seguido de morte de dois jovens de classe média por uma quadrilha chefiada pelo então menor, hoje maior, Champinha, para que houvesse uma discussão na sociedade acerca da redução da maioridade penal e os projetos que tramitam no congresso com este tema fossem desengavetados. Hoje em dia, muitos Zes da Silva t|em sido vítimas de assassinatos brutais ou outros crimes cometidos por menores, encorajados pela inimputabilidade que a lei lhes assegura.

Foi necessário que a freira Doroty Stang, fosse assassinada para que o governo federal percebesse novamente, que há uma região no norte do Brasil chamada Amazônia, pois muito tempo se passou desde a questão dos índios Cinta Larga. No entanto, se ao contrário da freira, fosse mais um Zé da Silva, o morto, o governo do país de todos enviaria tropas para a região? O solo da Amazônia, está repleto de cadáveres de indigentes que aparentemente, nem nas estatísticas aparecem.

No mapa político do Brasil consta a Amazônia, mas no Brasil dos políticos, não. O Brasil dos governantes anteriores e do atual, restringe-se apenas, à região Sul e Sudeste, sendo que no Sudeste, exclui-se o norte de Minas e o Espírito /Santo. A região litorânea do Nordeste também possui alguma atenção, pois é lá que os políticos nordestinos estão instalados. A propósito, é bastante conveniente para os governadores dos estados nordestinos que as capitais, com exceção de Teresina, no Piauí, estejam localizadas no litoral. O norte e o centro-oeste, bem como o sertão nordestino, contudo, estão entregues à própria sorte. A Amazônia devido à sua extensão territorial e o fato de que a população não sofre com o clima como no semi-árido nordestino, é como se não fosse território brasileiro. Se no Sudeste que é a região para a qual estão voltadas todas as câmeras de televisão, é uma terra sem lei, muito mais é a Amazônia.

As medidas tomadas pelo governo que ganharam ampla cobertura da imprensa como a implantação de uma reserva extrativista e outras de proteção ambiental, mostram a população que o governo está agindo, entretanto após esquecido o episódio da morte da freira, tudo voltará ao normal, ou seja, extração ilegal de madeira em áreas protegidas ou não, garimpo ilegal, contrabando de animais silvestres e grilagem de terras.

Se, ao menos, houvesse um assassinato de uma freira Doroty, a cada três meses, talvez os governantes se acostumassem a olhar para o norte.

Jose Schettini Petrópolis, RJ BRASIL

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Author`s name Pravda.Ru Jornal