Mas que desgoverno!

Mas o que andam os Ministérios deste desgoverno PSD/PP a fazer? Trinta anos depois da Revolução de 25 de Abril, todos os anos e sem qualquer excepção, tem havido caos nas escolas de Portugal por falta de professores, no início do ano lectivo.

Este ano, infelizmente, em vez da situação estar melhor, piorou. Nem surpreende que José Barroso fugiu para Bruxelas. Com 50.000 professores ainda por colocar, como é que este governo pode afirmar que tem qualquer competência a dirigir o conteúdo das pastas que é suposto controlar?

Como sempre, o (des)governo de Portugal trata o povo português como um bando de palhaços e esta negligência/incompetência inerente e sistémico é sinal dum total e estudado desrespeito pela população.

Falta só alguém deste governo PSD/PP da direita e extrema-direita, dizer que se as pessoas querem que as crianças recebam uma boa educação, então seria melhor colocá-las num colégio particular e pagar um preço exorbitante pelo serviço (com a porcaria dos ordenados portugueses).

Como sempre, houve falta de planeamento e como sempre, houve falta de comunicação. Basicamente, resta a noção que a classe governativa em Portugal quer lá saber, porque de qualquer modo tem o futuro garantido e que se lixe a população.

Se o ano lectivo começa hoje, por quê é que não foi estudado e executado o processo de colocação anteriormente? Como se pode defender um sistema que abre escolas sem o pessoal adequado? O quê é que as crianças fazem no tempo em que não recebem aulas? Quem se responsibiliza por elas?

Isso para não falar do palavrão que começa por R : Responsabilidade. Mencionar esta palavra a um dirigente em Portugal, e ele foge como se tivesse visto o Diabo. Quer que goste, quer que não, o governo em Portugal, eleito ou não, e em qualquer outro país, tem a responsabilidade de governar bem.

Isso quer dizer prestar os serviços pelos quais é responsavel. Por ser um dirigente político em Portugal não quer dizer que qualquer pessoa em qualquer pasta tem o direito de se desleixar, enriquecer e fingir que trabalha, a fazer que faz mas sem fazer nada. O governo de Portugal, como em qualquer outro país, tem o dever e a obrigação de prestar um serviço de educação para os filhos dos cidadãos portugueses e estrangeiros que vivem em Portugal. Ponto final. Não é um favor. É um direito assumido.

Não deveria ser necessário dizê-lo, mas parece que ainda há governantes que não o entendem, que se há falta de professores nas escolas, com dezenas de milhares de professores desempregados, o sistema tem um problema a resolver. Se não há professores nas escolas, os programas não são entregues de forma adequada: ou não se faz alguma matéria, ou é dada a correr e o resultado tangivel e visivel nas crianças é que faltam as bases de conhecimento.

Depois como prosseguem o fio de estudo no próximo ano? A pagar explicadores a preços europeus com salários terceiro-mundistas?

Mas o que andam os Ministérios deste governo a fazer? Haverá alguém no Ministério de Educação na Avenida 5 de Outubro em Lisboa a tocar aquela canção dos Pink Floyd, “Hey teacher! Leave the kids alone!” (Oi, professor! Deixe os miúdos em paz!) Será por isso que não colocaram os sotores, para que a malta possa curtir bué? Em vez de baldas, mais furos? É essa a lógica? (Nem surpreenderia se fosse...até enviam navios de guerra para impedir que um grupo de mulheres entre em Portugal).

Podemos rir, mas não tem graça nenhuma. É nojento que Portugal tem os dirigentes que tem, que nem têm competência naquilo que fazem, que deixam que as coisas andem por si próprias, sem interesse, sem trabalho, sem planeamento.

Escolas sem professores, hospitais sem médicos. Ordenados e pensões vergonhosos com preços altíssimos nas lojas, bastante mais altas do que em muitos outros países da Europa, que têm os governantes que merecem e que progridem, melhoram o nível de vida. Vê-se.

Como se pode explicar a situação que faltam 50.000 professores por colocar no dia da abertura das aulas, um dia em que se calhar andam o Secretário de Estado e a Ministra de Educação por aí fora a cortarem fitas e a sorrirem como idiotas?

Como se pode explicar que se um agricultor português que vive na fronteira quer um tractor, vai comprá-lo em Espanha porque paga 30% menos por seu tractor no outro lado da fronteira? E que vai lá buscar tudo, desde o gasóleo, à comida (que é caríssima em Portugal, muitíssimo mais do que na Inglaterra ou na Alemanha por exemplo), aos utensílios na cozinha onde come, aos lençóis da cama onde dorme, ao papel para a casa de banho.

Como se pode explicar que no terceiro milénio, há reformados que têm de sobreviver com pensões de 200 Euros? Como se pode explicar que deixaram que um pão de forma custe mais do que 500 Escudos (na moeda antiga) com pensões e ordenados destes?

Se não sabem governar, saiam da mulher. Mas deixem quem sabe trabalhar. Coloquem as pessoas competentes nos lugares de direcção executiva, sejam quais forem as suas cores partidárias. Deveria ser um governante português a escrever estas linhas, não um jornalista estrangeiro.

Mas há limites à paciência. Depois desta amostra de incompetência, qualquer pessoa que votar no PSD ou PP na próxima eleição deveria ir visitar um psiquiatra. No sistema particular, é claro.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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