Chegamos a registrar a descoberta, antevendo até a possibilidade, à médio prazo, da região oferecer condições para um possível pólo petroquímico, já que a seqüência de informações indicava que o petróleo também estava para jorrar.
Naquele tempo não havia uma consciência sobre a importância do petróleo e muito menos da sal-gema para a economia estadual. Eram assuntos restritos ao circulo estreito e fechado da Petrobrás. O Estado buscava, com prioridade, encontrar soluções mais rápidas, mais objetivas, visando cobrir a terrível devastação provocada pela erradicação de café, responsável pela liberação de 120 mil braços no meio rural e a criminosa perda de 200 milhões de pés de café. Vivíamos o caos e todas as forças e esforços estaduais se concentravam em abrir os gabinetes federais e a própria estrutura autoritária da SUDENE, buscando ingressar na esteira de seus benefícios e financiamentos fiscais.
Encontramos uma solução e conseguimos com uma coragem digna das nossas tradições, sob o comando do então Governador Christiano Dias Lopes, superar os nossos problemas, equilibrando a economia estadual e fortalecendo a imagem do Estado e o painel de suas atrações e benefícios fiscais próprios e criativos.
Durante anos as nossas prioridades estavam plantadas sobre o Sistema Funfap, Geres, Bandes e os incentivos da pesca e turismo, ficando nos escaninhos da Petrobrás as informações e conclusões sobre o comportamento das pesquisas e perfurações que vinham sendo realizadas no norte do Estado e pela primeira vez na própria plataforma continental do nosso litoral.
Somente em 1988 e estamos bem lembrados que registramos o fato em artigo foi que surgiram com maior clareza informações oficiais sobre a jazida de sal-gema, devidamente avalizadas por declarações da Petrobrás Mineração (Pretomisa) que apontava uma jazida com reserva de 15 bilhões de toneladas, com índices de cloreto de sódio que chegavam a 95% e com a vantagem excepcional de estar situada em terra e praticamente dentro dos maiores mercados do país.
O Bandes, pela palavra de um de seus diretores o hoje competente vereador José Carlos Lyrio Rocha ia aos jornais e confirmava a área da jazida em cerca de 60 quilômetros quadrados, com lâmina de 120 metros de espessura, aspectos estes que confirmavam que era nossa a maior jazida de sal-gema do Brasil.
Sempre guardamos com muito carinho e interesse estas informações, ao lado de muitas outras importantes, chegando a reuni-las em um folheto (Bala na Agulha), recentemente lançado com muito sucesso, visando resgatar a auto-estima dos capixabas, abrindo um debate otimista sobre as nossas verdadeiras potencialidades.
Em 2002 a jazida de sal-gema voltou aos noticiários, conduzida pela Petrobrás, que anunciava pela primeira vez, que a jazida representava 70% da reserva do país e que o projeto iria exigir investimentos de 180 milhões de reais, para produzir anualmente um milhão de toneladas e faturar 2,6 milhões de dólares, propiciando ao município e ao Estado receitas estimadas entre 400 e 500 mil dólares por ano, no curso dos próximos 20 ou 30 anos.
Sendo a única reserva de sal-gema cloreto de sódio, soda e barrilha da região sudeste, ela pode viabilizar, nos termos atuais, como chegamos a prever naqueles primeiros artigos, a implantação de um pólo petroquímico ou químico industrial.
Hoje a Petrobrás está de namoro firme com as potencialidades petrolíferas do Espírito Santo, na antevéspera de um casamento feliz.
A exploração da sal-gema pode ser considerado hoje um presente de casamento.
Dentro dos próximos 60 dias a Petrobrás estará, oficialmente abrindo o processo de licitação para a concessão de exploração da jazida, localizada em Conceição da Barra, no norte do Estado. Sem dúvida, boas e seguras parcerias estarão interessadas no projeto e na moderna unidade de mineração. Afinal, hoje, a reserva é da ordem de 19,4 bilhões de toneladas.
A sal-gema é a bola da vez. A tacada é do investidor.
J.C.Monjardim Cavalcanti jornalista ex-Secretário de Comunicação ([email protected])
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