Eleições, já!!

É impensável que José Barroso foge de Lisboa para Bruxelas, deixando por trás a porcaria que fez e deixando no seu lugar uma pessoa que não foi eleita, especialmente numa altura em que a popularidade da coligação no governo desce a pique.

Sob a liderança hábil de Barroso, Manuela Leite e Paulo Portas, entre outros, a direita política em Portugal bate num fundo móvel cada vez mais baixo com cada dia que passa (o PSD recebeu 29,9% e o CDS/PP apenas 2,6% em sondagens recentes, contra os 47,6% do Partido Socialista, 10% do Bloco de Esquerda e 5,5% do PCP). Por qualquer razão será.

Entrando no governo há dois anos, necessitando de formar uma coligação entre o PSD e o CDS/PP, depois duma campanha eleitoral em que Barroso seguiu um discurso de catástrofe e calamidade, dum pessimismo extremo (“O país está de tanga”; “Portugal não pode continuar assim”), esta laia composta por pseudo-políticos, pseudo-intelectuais, figuras cinzentas incompetentes e desadequados, não conseguiu melhorar nada.

Em vez de criar um clima económico favorável, deram à pessoa mais antipática, seca e mais odiada na história política recente do país, Manuela Leite, a pasta das Finanças. Essa mulher, cuja passagem anterior no Ministério da Educação na década de 1990 mereceu a maior concentração de sempre de estudantes às portas do ministério (gritando Puta! Puta! Puta!), bate na mosca outra vez.

Seguindo políticas de laboratório já ultrapassadas e inteiramente desadequadas para o enquadramento, utilizando a frase “não há reformas sem dor…não há reformas sem dor…não há reformas sem dor” repetitivamente em resposta às acusações que a sua política económica está a levar sectores do país à ruptura social, Manuela Leite conseguiu duplicar a taxa de desemprego em Portugal em apenas 24 meses. Belo trabalho!

E mais…como explicar que num país supostamente desenvolvido, e na União Europeia, uma família composta por dois adultos desempregados e duas crianças tenha de esperar sete meses para o primeiro cheque do fundo de desemprego?

O quê é que as pessoas são supostas a fazer? Roubar? Traficar drogas? Prostituir-se?

A política externa desta laia também não satisfez ninguém, com Barroso a arrastar-se pela anatomia acima de Bush, dando seu apoio ao acto de chacina no Iraque, “porque apoiando os americanos, eles vão dar-nos informações sobre possíveis ataques terroristas em Portugal”.

Só que José Barroso, como antigo Ministro de Negócios Estrangeiros (uma pasta muito mais adequada às suas qualidades), tinha a obrigação de saber o que fazia, mesmo que Bush não soubesse.

Dando seu aval ao ataque ilegal contra Iraque, Barroso é cúmplice num acto de assassínio em grande escala, em que 10.000 civis foram chacinados, em que 35.000 foram mutilados, em que bombas de fragmentação foram deitadas em áreas residenciais, infra-estruturas civis foram atacadas com munições de precisão para que os contratos bilionários pudessem ser distribuídos entre as firmas geridas ou com ligações ao clique da elite corporativa que gravita à volta da Casa Branca, em que mil crianças foram assassinadas, em que choque e pavor e ganhar corações e mentes se traduziu em actos de depravação sexual e tortura na prisão de Abu Ghraib, entre outras.

A resposta nesta semana em Capitol Hill do vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, a críticas sobra a sua política, foi um peremptório “Fuck off, or go fuck yourself!” (Vai pró caralho, ou vai se foder!”)

Poder-se-ia dizer o mesmo aos seus amigos Barroso, Portas, Leite e companhia limitada? Não, porque seria baixar-se ao nível desta laia cripto-fascista. Porém, o mínimo que se pode esperar deles é que façam a coisa decente…deixar o povo exprimir a sua vontade política, deixar o país rumar à esquerda numa altura em que a protecção social (que nunca foi um ponto forte da direita), precisa de ser mais abrangente.

Se Santana Lopes tem qualidades para ser Primeiro-ministro (e com certeza seria mais popular que Leite ou Barroso), deixem-no apresentar-se formalmente ao povo português e deixem-nos dizer se o querem ou não.

Só assim seria justo, só assim seria aceitável e só assim seria democrático.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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