Seu impulso inicial foi dado pelos parlamentares Heloísa Helena, Babá, Luciana Genro e João Fontes, os chamados radicais que enfrentaram a direção do PT e seu governo a serviço do capital nacional e internacional, dos banqueiros e dos latifundiários, cujas medidas apenas atacam os direitos e os interesses do povo trabalhador.
Junto com os parlamentares estiveram sempre e com eles fundaram o P-SOL, centenas de representantes dos movimentos sociais, de lutadores do campo e da cidade, de lideranças de greves e mobilizações estudantis e populares, de militantes dos direitos humanos e civis, dos movimentos de negros e mulheres, de todas as expressões da resistência contra a barbárie capitalista em suas mais variadas formas.
Muitos dos que encabeçaram a greve nacional em defesa da previdência pública em 2003 - processo que deu o primeiro grande lastro social deste novo projeto - estiveram no ato de fundação do P-SOL, partido que nasce afirmando a necessidade de derrotar o modelo neoliberal, impulsionar a ação dos trabalhadores e explorados e construir uma alternativa política de ruptura com o capitalismo para governar o país e reorganizar completamente a economia e a sociedade, alicerçando a produção segundo as necessidades sociais e não segundo a lógica privatista, egoísta e destrutiva do capital. Entre os primeiros que assinaram a ata de fundação tivemos o orgulho de contar com o melhor da intelectualidade brasileira de esquerda. O sociólogo Chico Oliveira, um dos fundadores do PT, esta entre eles.
Se desfiliou do PT no mesmo dia em que nossos parlamentares haviam sido expulsos, em dezembro de 2003. Agora, novamente com estes parlamentares, funda um novo partido para manter de pé históricas bandeiras socialistas já que, como disse ele mesmo no ato de abertura do Encontro Nacional, o século XXI será socialista ou não será. Junto com Chico Oliveira estavam o renomado filósofo Paulo Arantes e Ricardo Antunes, o mais jovem deles, com sua reconhecida inteligência. Do Rio de Janeiro veio ao Encontro o filósofo e professor Carlos Nelson Coutinho.
Entre os 101 fundadores legais do partido, esta também o filósofo Leandro Konder, mostrando que Paulo Arantes tem dois camaradas de sua estatura intelectual ao seu lado no campo da filosofia. O ex-deputado federal Milton Temer completa este primeiro time. Atualmente como vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Temer foi o candidato da esquerda unificada do PT contra a direção majoritária do partido em mais de uma oportunidade no passado recente e agora é fundador do novo partido, integrando sua Executiva Nacional. Todos estes engajamentos refletem a força da idéia do P-SOL, sua necessidade histórica, seu respaldo social e intelectual. O programa e o estatuto provisórios aprovados no Encontro refletem esta necessidade afirmando o caráter anticapitalista, antiimperialista e democrático do partido, cujo objetivo é a construção de uma sociedade socialista, com democracia, liberdade, respeito aos direitos humanos, aos direitos civis e a natureza.
Bandeiras representativas de um acúmulo histórico da luta socialista são assumidas pelo partido: o chamado a mobilização pelas reivindicações da classe trabalhadora, como a luta por melhores salários, pelo direito ao trabalho, a terra para quem nela quer trabalhar, bem como a necessidade de enfrentar o imperialismo, romper com a ALCA, com o FMI, parar a sangria de recursos provocada pelo pagamento da dívida externa garantindo uma inversão completa da lógica econômica, assegurando recursos para a saúde, a educação, a infra-estrutura. Assim também o novo partido surge com um claro perfil de oposição de esquerda ao governo Lula, que hoje aplica uma política a serviço dos banqueiros enquanto oferece aos trabalhadores o vergonhoso salário mínimo de R$ 260,00. Com o estatuto aprovado temos estabelecidos os marcos de funcionamento do novo partido. Um partido democrático, com amplo debate, com estímulo a crítica e a auto-crítica, a criatividade e a elaboração coletiva. Com amplo e pleno direito de tendência e com a compreensão da necessidade da unidade na ação, mas unidade no convencimento, na compreensão comum das tarefas.
Um partido militante, determinado a se construir como um partido do povo trabalhador, vinculado com seu dia a dia e com seu futuro e a ele ligado. Por isso mesmo o P-SOL tem futuro, porque o povo trabalhador resiste, luta e vencerá. A direção nacional e a executiva partidária foram eleitas por aclamação do plenário. O nome de Heloísa Helena foi aclamado como principal porta voz do P-SOL, assumindo para tanto a presidência do partido. Com sua força, com a representativa de seu nome, todos os militantes do P-SOL sabem que nosso partido tem nas mãos um enorme trunfo: somos capazes de apresentar uma alternativa política nacional também no terreno eleitoral. Aprovados nosso Programa, nosso Estatuto e nossa direção provisória, a militância do P-SOL terá pela frente nos próximos meses a tarefa central de encaminhar as lutas sociais nos estados, como a resistência popular por suas reivindicações, contra a reforma sindical e trabalhista, contra a reforma universitária, em defesa da reforma agrária, dos sem-teto, em apoio às lutas de todas as categorias. Simultaneamente a estas lutas, nossa militância deverá começar a estruturar nos estados os organismos partidários e iniciar a coleta de 438 mil assinaturas para garantir o registro definitivo do nosso partido. O clima de vitória no final do encontro nos deu a certeza que esta tarefa será cumprida com determinação e alegria pela nossa militância. Finalmente, o Encontro de fundação contou com a presença de delegações internacionais vindas dos Estados Unidos, Argentina, Paraguai, Suécia e Inglaterra, além de saudações enviadas de organizações da Suíça, Inglaterra, Uruguai, Panamá e Peru. O próximo Encontro Nacional do P-SOL já tem data marcada: acontecerá em janeiro de 2005, durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. Brasília, 07 de junho de 2004-06-08 Executiva Nacional do Partido Socialismo e Liberdade / P-SOL
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