Ninguém pode negar que as ilhas de São Tomé e Príncipe estão na região geo-política da Nigéria e a descoberta do petróleo nas costas destas ilhas fazem com que Abuja se veja e descreve como o parceiro mais credível e eligivel de São Tomé, nas palavras de Malam Abdullahi Uthman, do Instituto nigeriano dos Assuntos Internos, na Weekly Trust.
A Nigéria sempre se considerou uma potência regional, e é, só que as pretensões de Abuja criam uma sombra enorme acima dos nossos céus em São Tomé e Príncipe. Será que a riqueza criada pelo petróleo chegará às mãos da população? É a pergunta constante nos lábios da população destas ilhas, pergunta essa que criou o golpe de estado recente.
A Nigéria muito fala em parcerias estratégicas e tem muitas palavras bonitas sobre o futuro estado do nível de vida do povo são-tomense.
Só que, assinar um acordo com um membro do governo não necessariamente se traduz numa melhoria das condições de vida da população local.
O que precisa, seguindo a mesma linha que foi criada pela Nova Parceria para o Desenvolvimento Africano, é uma série de contratos-parceria assinados com organismos credíveis, e não indivíduos que facilmente venderiam sua avó pelo preço certo.
Por isso a comunidade internacional, e particularmente Portugal e a CPLP, deveriam ter em conta a necessidade de pressionar o governo de São Tomé e Príncipe no sentido de zelar pelos interesses do povo a longo prazo nas suas negociações com a Nigéria.
Em Lisboa se pensa que Angola é a grande potência na zona e que, sendo um País Africano de Língua Oficial Portuguesa (PALOP, ou seja, ex-colónia), naturalmente é Luanda que protege os interesses dos são-tomenses.
Não é verdade. A Nigéria não tem nada a ver com nosso povo, nem histórica nem culturalmente. Sabemos que estamos sozinhos e é aí a diferença: os membros da CPLP estão convencidos que o processo de negociação com a Nigéria se procede tranquilamente. Para os governantes, sim.
Mas será que este processo traduzir-se-á numa real melhoria do nível de vida do povo a longo prazo?
Leonor MARTINS PRAVDA.Ru SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
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