O Mundo vira as costas à África

Como podem os agricultores da África competir com o mundo mais desenvolvido quando este teima em subsidiar os seus produtos agrícolas, tornando-os mais competitivos.

De acordo com o relatório da Comissão Económica para a África da ONU, emitido na Quarta-feira passada, o continente africano pode não atingir as metas estabelecidas na Cimeira do Milénio desta organização em 2000. O relatório cita duas razões: falta de diálogo e o aumento dos subsídios ao sector da agricultura nos Estados Unidos da América.

Para o continente africano atingir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), traçados em 2000, a organização Mundial de Comércio terá de respeitar as linhas-guia estipuladas na Conferência de Doha (2002), nomeadamente instalar uma reforma no comércio agrícola, que foi um dos principais objectivos desta conferência.

Como sempre, palavras e não acções, principalmente no que diz respeito à África, onde a cultura seguida nos últimos séculos tem sido unilateral, nomeadamente se África providencia matérias-primas e mão-de-obra baratas, serve e senão, não interessa.

Para complicar mais a situação para os agricultores africanos, o governo dos Estados Unidos da América decidiu em Maio de 2002 aumentar os subsídios ao sector agrícola por 67%, traduzido em 51.7 bilhões de USD, assim diminuindo os preços, tornando-o impossível para os agricultores africanos exportar seus produtos.

Moçambique foi citado no relatório da ONU como um caso de sucesso, a sua economia crescendo por 12%, contra a média continental de 3.2%. As políticas económicas seguidas pelo governo de Joaquim Chissano figuram entre uma lista de sete casos-estudo (Moçambique, Egipto, Gabão, Gana, Mauricius, Ruanda e Uganda), para identificar as razões pelo sucesso e exportar estas para os restantes países.

Em Moçambique, destacam-se as políticas que fixam como alvos métodos de eliminar a pobreza, atacando o ciclo de pobreza crónica, estimulando comunidades inteiras a serem produtivos.

Bento MOREIRA PRAVDA.Ru MAPUTO MOÇAMBIQUE