Nada a declarar

Estamos a menos de mês para a realização das eleições.

O clima é de indiferença.  Ninguém apaixona o eleitor brasileiro. Parece que a surra que tomamos na Copa do Mundo, levando de sete a um contra a Alemanha, bombardeou o país.

Eu não entendo, o vizinho também não, os amigos e colegas de trabalham falam no assunto sem qualquer interesse.  É conversa murcha, sem a paixão que envolve a política, as acusações inevitáveis, as manobras escusas ou limpas dos partidos e candidatos.

A sucessão de apurações de irregularidades parece ter tirado a vontade de participar da vida política do país, não há entusiasmo.  Na verdade, o que começou esquentando, com disputas entre Dilma e Marina, vai aos poucos se esvaziando da vida nacional.

O que não faltam são as acusações.  Ora, a política é campo para isso, sem dúvida.  Mas apenas uma parte.  Um dirigente tem a obrigação de ser, antes de tudo, um líder.  Parece que neste campo, durante todo o período republicano, só tivemos dois homens públicos que se destacaram na presidência: Getúlio Vargas e Juscelino Kubistchek.  Movimentaram a nação, foram líderes incontestes, com todas as suas glórias e pecados.  Deram os primeiros passos para o desenvolvimento industrial do país, agora nestes dias passando por maus momentos.

            Ficou valendo o dito popular que "todo político é ladrão", vive à custa do povo para não fazer nada, e outras acusações desalentadoras.  Ora, uma democracia forte não se constrói com estes fundamentos.

            Uma verdade que não pode ser escondida é o sistema de governo presidencialista.  Um decide, o Congresso aprova ou não e está resolvido.  Este falido sistema de governo não existe em um só país europeu.  Todos são parlamentaristas, sistema que foi repudiado pelos brasileiros num plebiscito.  Agora, só com nova Constituição podemos aprovar o contemporâneo sistema de governo colegiado, que onde dispensar até mesmo o presidente da República, ficando a responsabilidade com o Primeiro-Ministro.

            Um sistema colegiado funciona sempre com muito mais eficiência do que o mando de um só, que lembra a ditadura.

            Voltando às eleições, ela está morna, como já foi dito.  Sem entusiasmo, sem debates acalorados, mas antes de tudo, e isso é o mais importante, sem a apresentação dos três candidatos mais importantes dos seus programas e metas de governo, nunca as que são apenas afirmadas na propaganda eleitoral, mas a comprometida por escrito e entregue ao Superior Tribunal Eleitoral.

            Enquanto isso, as empresas não estão lucrando, as tarifas públicas vão inevitavelmente subir, a inflação não se encontra sob rígido controle, e as agências de informação estrangeiras continuam mostrando a acentuada queda brasileira, em todos os seus ramos, exceto o agronegócio.

            Nenhum povo gosta de viver assim.       

 

Jorge Cortás Sader Filho é escritor

 

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