Movimento Jovens pelo Sim
Referendo Despenalização Interrupção da Voluntária da Gravidez
O movimento propõe-se promover e contribuir para o debate, prestar esclarecimento e realizar campanha a favor da despenalização da interrupção voluntária da gravidez nos termos descritos na pergunta do referendo do próximo dia 11 de Fevereiro de 2007.
Reúne mandatários pertencentes a diversificados segmentos da sociedade portuguesa, entre eles artistas, desportistas, estudantes, investigadores, activistas de várias organizações do movimento social português e membros de juventudes partidárias
(AJPaz - Acção para a Justiça e Paz, ATTAC Associação para a Taxação das Transacções Financeiras para Ajuda ao Cidadão, FNAJ Federação Nacional das Associações Juvenis Locais, Jovens da UGT, Jovens do Bloco, Juventude Social Democrata, Juventude Socialista, Movimento Católico de Estudantes, Não Te Prives, Rede Portuguesa de Jovens para a Igualdade de Oportunidades entre Mulheres e Homens).
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Apresentação do Movimento Jovens Pelo Sim
Quarta-Feira, 6 de Dezembro de 2006, 17h00
Anfiteatro III , Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Cidade Universitária
Manifesto
A criminalização do aborto condena todos os anos milhares de mulheres a um caminho de clandestinidade, a que se associam perigos graves para a sua vida, saúde física e psíquica. É um flagelo que afecta em particular jovens e adolescentes. Esta realidade torna indispensável intervir activamente no processo de alteração da lei actual, mobilizando a juventude portuguesa para a participação cívica no referendo que se avizinha e assegurando uma discussão alargada e esclarecida das vantagens da despenalização do recurso ao aborto.
Entendemos, em primeiro lugar, que o debate na Sociedade Portuguesa, particularmente entre as camadas mais jovens da população, se tem revelado consensual nos últimos anos, na recusa em sentar as mulheres que recorreram a um aborto clandestino no banco dos réus e na recusa em enviá-las para a prisão. A lei criminalizadora que temos continua, infelizmente, no caminho da estigmatização, sujeitando-as à humilhação pública e à devassa das suas vidas privadas, que poderá conduzir a uma pena de prisão de até 3 anos.
Em segundo lugar, a lei actual é ineficaz em dar resposta ao problema do aborto clandestino: as estimativas quanto ao número de abortos clandestinos e realizados anualmente em Portugal apontam para números na casa dos 20 mil. A realização de abortos clandestinos fora da segurança dos estabelecimentos de saúde retira à
mulher o direito a uma decisão reflectida e acompanhada, colocando em perigo a sua saúde física e psicológica, conduzindo em muitos casos à sua morte.
A Conferência Mundial das Nações Unidas sobre as Mulheres afirmou, já em 1995, com clareza que o aborto em condições precárias põe em perigo a vida de um grande número de mulheres e representa um grave problema de saúde pública, dado que são as mulheres mais pobres e as jovens que correm mais riscos. São, pois, estas as mulheres e jovens que são empurradas para as redes de aborto clandestino sem condições e para o aborto auto-infligido, uma vez que não têm possibilidade de recorrer a intervenções em segurança no estrangeiro.
Finalmente, acreditamos também que é indispensável adoptar uma visão integrada da saúde sexual e reprodutiva, que responda aos problemas que estão na origem da necessidade de uma interrupção de uma gravidez indesejada.
Sendo impossível assegurar a infalibilidade dos meios de contracepção, a possibilidade de interromper uma gravidez em condições de segurança e no quadro da legalidade, em estabelecimentos de saúde devidamente autorizados, é uma exigência de saúde pública. Para além disso, permite acompanhar e integrar no sistema de planeamento familiar todos aqueles que não tiveram acesso à contracepção e a uma educação sexual informada e responsável, evitando a ocorrência futura de gravidezes indesejadas. Esta é uma solução que sabemos ter conduzido a um menor número de abortos no caso dos países europeus que por ela optaram.
Cientes de que a actual lei afecta de um modo muito particular a juventude portuguesa, os/as signatário(a)s deste documento, jovens e associações juvenis, estão confiantes de que é também às jovens e aos jovens que cabe dar um contributo determinante para assegurar que Portugal ofereça finalmente uma resposta progressista e moderna para o problema. É com esta convicção que apelamos ao voto no SIM, pela despenalização da
Interrupção Voluntária da Gravidez.
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