Na ocasião, Pontes vai realizar oito experimentos de instituições de pesquisas e escolas nacionais selecionados pela Agência Espacial Brasileira (AEB), dentre os quais incluem as áreas de engenharia, biologia, entre outros.
"A ida do astronauta a ISS permitirá ao Brasil testar por oito dias o que normalmente é feito em oito minutos", explica o presidente da AEB, Sérgio Gaudenzi. O dirigente da Agência se refere ao Programa de Microgravidade brasileiro que envia foguetes de sondagem ao espaço para testar experimentos em ambiente de gravidade quase zero. Esses foguetes, não tripulados, ficam apenas de seis a oito minutos em ambiente de microgravidade. Já o astronauta brasileiro terá oito dias na Estação Espacial Internacional para operar os experimentos selecionados. "Trata-se de um enorme ganho para a Ciência e Tecnologia no Brasil, indutora do desenvolvimento de um país", diz Gaudenzi.
Outra vantagem da viagem, segundo o presidente da AEB, será a popularização do programa espacial brasileiro. Conforme Sérgio Gaudenzi, a Missão Centenário vai despertar a curiosidade da população para o que significa o Brasil ter um programa espacial e qual a sua importância. "O Brasil é o único país do Hemisfério Sul a ter um programa espacial completo com satélites, lançadores e centro de lançamento. Os países mais desenvolvidos do planeta têm um programa espacial porque sabem que ele é uma alavanca para a Ciência e Tecnologia", completa.
A corrida espacial, iniciada na década de 60 por russos e em seguida americanos, já foi responsável por descobertas que afetam o cotidiano da população mundial. Alguns exemplos são as invenções do velcro, teflon, forno de microondas, soldas, brocas especiais de dentista, além do uso de imagens de satélites para o combate a queimadas e desmatamento, proteção de mananciais de água, previsão do tempo, bem como os usos em telecomunicações para ligações interurbanas e internacionais e a transmissão de eventos. Atualmente, apenas 15 países possuem programas espaciais.
Missão Centenário
A missão foi acordada entre as Agências Espacial Brasileira e Russa em outubro de 2005. A tripulação será composta de mais dois astronautas, além do tenente-coronel Marcos Pontes - um russo e um americano. Partirá de um centro de lançamento no Cazaquistão no final de março.
Para viabilizar a ida do astronauta brasileiro, o governo brasileiro financiou treinamento na Nasa - a agência espacial americana -, como também na Rússia com o intuito de adaptação de Pontes à nave que fará a viagem. Durante os oito dias da estada de Marcos Pontes na ISS, ele fará três contatos com a Terra: um com presidente Luis Inácio Lula da Silva, outro com três jornalistas a serem selecionados e o último com crianças de escolas públicas.
Experimentos
Dentre os experimentos que serão levados pela Missão Centenário está o da Embrapa que vai testar os efeitos da microgravidade sobre a germinação, produtividade e desenvolvimento de uma espécie de árvore do Cerrado. Já a Universidade Estadual do Rio de Janeiro enviará uma pesquisa para avaliar os efeitos do ambiente de gravidade zero no DNA humano, visto que a permanência dos astronautas no espaço exige a adaptação a uma série de condições diversas da Terra.
A Universidade Federal de Santa Catarina envia experimento sobre os efeitos da gravidade zero em minitubos de calor, importantes para se manter o controle da temperatura em satélites. As outras instituições que vão levar experimentos são: Centro Universitário da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA/MCT), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Secretaria de Educação de São José dos Campos (SP).
Os experimentos foram selecionados e validados pela AEB e por uma comissão da Agência Espacial russa que esteve no Brasil em janeiro e fevereiro.
Programa Espacial Brasileiro
As primeiras atividades espaciais desenvolvidas no Brasil foram iniciadas na década de 50 com a criação do Centro Técnico Aeroespacial (CTA) ligado ao Comando da Aeronáutica. Com a criação da Agência Espacial Brasileira em 1994, o programa espacial brasileiro foi estruturado e hoje funciona nos segmentos de satélites e de foguetes, tendo dois centros de lançamento: Alcântara (MA) e Barreira do Inferno (RN). Além dos satélites utilizados para observação da Terra, Meteorologia e Telecomunicações, há as pesquisas feitas por intermédio de foguetes de sondagem dentro do Programa de Microgravidade.
O programa funciona desde 1997 e já enviou dois foguetes ao espaço com experimentos selecionados por editais públicos, nos quais são levadas em consideração as condições de vôo, o mérito científico, a possibilidade de adaptação à nave etc. Até abril de 2007, estão previstas mais três missões com foguetes de sondagem. O programa é feito em parceria com a Alemanha.
Por meio do Programa Espacial Brasileiro foi descoberto um aço ultra-resistente usado na estrutura de foguetes, que hoje é vendido para a Boeing, o maior fabricante de aviões do mundo. Pelo programa também foi desenvolvido um diamante artificial para uso na ponta de uma broca mais moderna de dentista.
Subsecretaria de Comunicação Institucional da Secretaria-Geral da Presidência da República
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