Produção industrial mantém tendência

Em janeiro, produção industrial recua 1,3% em relação a dezembro de 2005

Após uma seqüência de três resultados positivos, a produção industrial em janeiro recuou 1,3% frente a dezembro de 2005, descontados os efeitos sazonais. Ainda assim, o índice de média móvel trimestral mantém trajetória de crescimento. Na comparação com janeiro de 2005, a indústria assinalou avanço de 3,2%. O indicador acumulado nos últimos doze meses prossegue desacelerando, passando de 3,1% em dezembro para 2,9% em janeiro.

A queda de 1,3% entre dezembro e janeiro atingiu doze dos vinte e três ramos que têm séries ajustadas sazonalmente e três das quatro categorias de uso. Entre as indústrias que reduziram a produção, os movimentos de maior importância para o resultado global vieram de veículos automotores (-7,6%), farmacêutica (-10,2%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,1%). Estes três ramos haviam assinalado elevação em dezembro: 5,6%, 8,7% e 8,1%, respectivamente. Entre as indústrias que cresceram na passagem de dezembro para janeiro, os destaques são: extrativa (1,6%), que com esse resultado atinge seu maior patamar na série histórica ajustada sazonalmente, seguida por bebidas (2,9%) e vestuário (4,9%).

Ainda na comparação com dezembro de 2005, no corte por categorias de uso, os índices são negativos em bens de consumo duráveis (-5,7%), bens de capital (-3,6%) e bens de consumo semiduráveis e não duráveis (-1,8%), enquanto a produção de bens intermediários (0,4%) assinalou a única taxa positiva. O recuo observado na fabricação de bens de consumo duráveis veio após o aumento de 17,7% no mês anterior. O mesmo se deu em bens de capital, que recuou após dois meses de expansão, período em que acumulou aumento de 10,3%, enquanto a redução observada em bens de consumo semiduráveis e não duráveis interrompeu uma seqüência de três resultados positivos, que significaram um crescimento de 6,0% na comparação dezembro 2005/setembro 2005.

Essa redução no ritmo produtivo do indicador global após três meses de taxas positivas, quando a indústria acumulou 3,6% de crescimento, não altera a trajetória do índice de média móvel trimestral, que se mantém ascendente, apresentando variação de 0,6% entre janeiro e dezembro. Esse movimento está presente em todas as categorias de uso com bens de consumo duráveis (2,8%) e bens de capital (2,0%), mostrando maior aceleração, enquanto bens intermediários (0,6%) e bens de consumo semiduráveis e não duráveis (0,9%) apresentaram ritmo mais discreto.

A comparação janeiro 2006/janeiro 2005 mostrou acréscimo de 3,2%, quarto resultado positivo consecutivo, com a indústria extrativa (12,8%) influenciada positivamente pelos itens minérios de ferro e petróleo, exercendo a liderança na formação da taxa global. Na indústria de transformação (2,7%), dezenove dos vinte e seis ramos pesquisados apresentaram crescimento. Entre eles, destacaram-se as indústrias de máquinas para escritório e equipamentos de informática (77,7%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (21,3%), material eletrônico e equipamentos de comunicações (14,3%) e metalurgia básica (5,4%). Nesses setores, sobressaíram principalmente os itens: computadores; transformadores; televisores; e lingotes, blocos e tarugos de aços especiais. Entre os sete ramos com queda, o principal destaque foi edição e impressão (-13,8%).

Para o total da indústria, frente ao índice do quarto trimestre do ano passado (1,3%), o resultado de janeiro mostrou ritmo mais acelerado (3,2%). Esse movimento também está presente em vinte e dois dos ramos pesquisados. Por categorias de uso, o ganho de ritmo foi mais intenso em bens de consumo duráveis, que após acréscimo de 4,9% no último trimestre de 2005, registrou taxa de 18,4% em janeiro. Nesse desempenho destacou-se, sobretudo, o aumento no ritmo de produção de automóveis, que passou de 11,7% no quarto trimestre de 2005, para 21,1%, em janeiro, de eletrodomésticos (de -6,4% para 18,9%) e de celulares (de 7,9% para 14,0%). Em bens de capital o acréscimo passou de 4,2% para 6,8%, enquanto bens intermediários saiu de uma queda de 0,2% para um crescimento de 2,9%. A produção de bens de consumo semiduráveis e não duráveis foi a única que perdeu ritmo nos períodos em comparação: de 2,1% no quarto trimestre de 2005 para 0,2% em janeiro deste ano, impactada unicamente pelo recuo no subsetor de outros bens não duráveis (de 7,8% para -2,5%), sob a influência de itens produzidos pelas indústrias de edição e impressão e farmacêutica.

No confronto janeiro 2006/janeiro 2005, os índices por categorias de uso evidenciaram a liderança de bens de consumo duráveis (18,4%), com ritmo bem superior ao da indústria geral (3,2%), desempenho associado tanto à produção de automóveis (21,1%), quanto a de eletrodomésticos (18,9%) e telefones celulares (14,0%). O segmento de bens de capital (6,8%), mesmo sob os impactos negativos vindos de: bens de capital para transporte (-8,8%), máquinas e equipamentos para fins industriais (-2,6%) e bens de capital agrícolas (-21,9%), cresceu acima da média global e assinalou o sexto resultado positivo consecutivo nesse tipo de comparação, principalmente em função do desempenho favorável dos seus demais subsetores: bens de capital para uso misto (13,9%), bens de capital para energia elétrica (47,0%) e bens de capital para construção (25,1%).

A produção de bens intermediários avançou 2,9% em relação a janeiro de 2005 por conta, principalmente, dos grupamentos insumos industriais elaborados (2,8%), insumos industriais básicos (13,9%) e combustíveis e lubrificantes básicos (13,9%). Nesses subsetores, destacaram-se respectivamente os itens: herbicidas e cimento; minérios de ferro; e óleos brutos de petróleo. Também vale destacar as taxas positivas de embalagens (0,8%) e dos insumos para construção civil (7,2%).

O segmento de bens de consumo semiduráveis e não duráveis repetiu o patamar de produção de janeiro de 2005 (0,2%), pressionado pela queda no subsetor de outros bens de consumo não duráveis (-2,5%), que praticamente anulou a influência do crescimento observado em alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (2,1%).

A taxa anualizada, medida pelo indicador acumulado nos últimos doze meses, prosseguiu desacelerando, porém em ritmo menor: após assinalar expansão de 3,5% em novembro e de 3,1% em dezembro, chegou aos 2,9% em janeiro último. O setor de bens de capital (3,6%) manteve o ritmo do mês anterior e o de bens intermediários (de 1,0% para 0,9%) também ficou estável. O segmento de bens de consumo semiduráveis e não duráveis (3,8%) mostrou desaceleração no ritmo de crescimento frente a dezembro (4,6%). Já a produção de bens de consumo duráveis (12,5%) foi a única com ganho de ritmo em relação a dezembro (11,4%).

Em síntese, a performance industrial no início de 2006 sugere uma certa acomodação no ritmo de atividade, expressa na queda de 1,3% na comparação janeiro/dezembro, após três meses em que o setor acumulou aumento de 3,6%. Com isso, a tendência do índice de média móvel trimestral permanece positiva, não só no total da indústria como nas quatro categorias de uso, embora tenha perdido velocidade: entre novembro e dezembro, houve acréscimo de 1,2% neste indicador para o total da indústria, taxa que ficou em 0,6% na comparação janeiro/dezembro.

Ricardo Bergamini [email protected] www.rberga.kit.net

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