Venezuela: a história real e toda a verdade
Timothy Bancroft-Hinchey, Pravda.ru
Venezuela, outro projecto criminoso engendrado adivinhem por quem? Os Estados Unidos da América, a interferir uma vez mais nos assuntos internos de uma nação soberana.
Ninguém tem qualquer dúvida de que os EUA consideram a América Latina como sendo o seu pátio das traseiras, sentindo ser seu dever divino exportar a sua visão deturpada da democracia, impondo-a por intermédio de repressivas ditaduras fascistas, homicídio, sequestros e criminosos actos de subversão, terrorismo, sabotagem e perturbação. Tal sucedeu várias vezes em imensos países, sendo a Venezuela a vítima mais recente.
Leiam a comunicação social da treta, e encontrarão referências ao presidente democraticamente eleito da Venezuela, Nicolás Maduro, a quem se referem meramente como "Maduro", com epítetos que lhe apegam como "ditador", "déspota", "autocrata", não tendo ainda ninguém recordado que ele vive numas "instalações", seja isso o que for.
O que não encontrarão será qualquer referência ao tremendo contributo social levado a cabo pelo venezuelano PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), primeiro sob Hugo Chávez e agora sob Nicolás Maduro. Para nomear só algumas das suas vitórias, a pobreza extrema decresceu em dois terços, o PIB per capita aumentou de 4,105 dólares em 1999 para 12,500 dólares em 2017, o índice de literacia aumentou de 91% para 97%... apesar de uns últimos anos difíceis, causados pelos preços do petróleo e pela subversão organizada no estrangeiro e implementada pela oposição daquele país. Esta tem por base a classe média alta da Venezuela e os elitistas a quem não lhes agrada os "chavistas", os apoiantes da revolução social em Caracas, que providenciam serviços de bem-estar público, anteriormente quase inexistentes, financiados pelos dividendos do petróleo. Estes, e os seus manipuladores, acreditam ter direito à tremenda riqueza do país (a Venezuela tem comprovadamente as maiores reservas de petróleo do mundo).
Preferem privatizar hospitais onde o povo tenha que pagar em vez de uma saúde gratuita, preferem manter o povo na ignorância de modo a não poderem interpretar por si mesmos, preferem uma alta taxa de mortalidade infantil por serem essencialmente um bando de oportunistas egoístas desavergonhados que, no seu todo, não contêm um ínfimo de humanidade, decência ou moral. Resumindo, um bando de traidores.
Agora a verdade.
O que não encontrarão é qualquer referência a qualquer uma das 150 reuniões ocorridas entre a oposição e o PSUV entre Maio de 2016 e Janeiro de 2018 na República Dominicana, que culminaram com um acordo quanto a eleições presidenciais antecipadas, só para que Rex Tillerson, ex-secretário de Estado dos EUA, supostamente tenha telefonado a Júlio Borges (ex-presidente da Assembleia Nacional) da Colômbia, indicando à oposição que não assinasse o acordo.
A ética de Washington: cara ganho eu, coroa perdes tu
Porquê? Porque os EUA sabiam que a oposição iria perder, e assim a ala direita da oposição não participou nas eleições presidenciais da Venezuela em Maio último (as outras facções concorreram), quando Maduro ganhou. Os EUA tinham outros planos, uma vez que Washington segue uma ética de "cara ganho eu, coroa perdes tu" nas relações internacionais, principalmente no que toca a países com massivas reservas de petróleo. Washington pretende utilizar traidores internos que canalizem a riqueza para o exterior, e não a utilizem para melhorar os serviços públicos para o povo.
E isto, senhoras e senhores, resume a Venezuela.
A Liga dos Ruidosos Chihuahuas
É interessante que tenhamos meramente que ver quais os países que saltaram à ordem de Washington para reconhecer este novo impostor que se auto-proclamou como presidente da Venezuela, afirmando ter o direito a tal devido à ausência de Maduro (que na realidade se encontra na residência presidencial onde leva a cabo os seus deveres como presidente), para verificar a lista dos favoritos e ruidosos chihuahuas de Washington. No topo da lista está como sempre o parceiro de cama, Reino Unido, sempre disposto a receber uma festa na cabeça à menção da sua "relação privilegiada", juntamente com 12 nações assimiladas da América Latina, incluindo o Brasil do fascista Bolsonaro, que afirmou que preferia que um filho seu morresse num acidente de viação do que fosse gay.
O argumento utilizado por Washington e os seus ruidosos chihuahuas é o do costume, tão ridículo como teimoso e insípido. Queixam-se com a falta de democracia na Venezuela. Como é que educar o povo e aumentar a literacia é ser anti-democrático? Como é que chegar a acordo com a oposição é anti-democrático? Não é democrático é chegar a acordo e depois quebrá-lo quando os nossos companheiros de cama nos pedem, e com toda a certeza que também não é democrático reconhecer qualquer Manuel ou José que de súbito queira auto-proclamar-se rei de Saturno ou presidente da Venezuela, interferindo no processo interno de uma nação soberana, o que constitui um acto de intrusão criminosa e ilegal ao abrigo da Carta da ONU.
Então, é mentira afirmar que a oposição não participou nas eleições de 20 de Maio. Também é mentira falar de fraude eleitoral pois aqueles que conhecem o sistema eleitoral na Venezuela estão cientes de que se utilizam parâmetros biométricos nos actos de voto, impossibilitando uma fraude eleitoral. Duas mentiras.
Qualquer um se pode declarar presidente
A questão é que a oposição sabia perfeitamente que iria perder as eleições e por isso muitos recusaram participar, para depois se queixarem de fraude, declararem-se os legítimos vencedores e, olhai e contemplai, dois dias depois do vice-presidente dos EUA, Pence, afirmar que a oposição devia avançar com os seus planos, que os EUA os apoiariam, Guaidó auto-proclamou-se presidente, Trump reconheceu-o e os ruidosos chihuahuas vieram a correr obedientemente.
Tal é tornar o direito internacional em anedota. Quem é responsável pela eleição dos seus representantes são os venezuelanos, não Washington. Os Estados Unidos da América provam actualmente serem governados por um regime criminoso que emprega políticas criminosas. São um Estado pária, um insulto ao direito internacional, e têm a palavra "vergonhoso" registada em todas as páginas que a eles se referem nos anais da História. Os livros de História serão extremamente cruéis para com Washington quando relatar os seus hediondos e horrendos actos desde 1945. Os seus obedientes, assimilados e ruidosos chihuahuas não ficarão melhor vistos.
Timothy Bancroft-Hinchey, Pravda.ru
Traduzido da versão inglesa por Flávio Gonçalves
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