A democracia é resultado de um contrato social que coordena as relações entre o indivíduo e a sociedade. Se determinado povo se comporta conforme orientações religiosas, neste caso, a religião exerce papel central no contrato social. Isso acontece na sociedade teocrata iraniana.
O sistema da democracia religiosa no Irã não começou com a vitória da Revolução Islâmica de 1979, há 34 anos. A luta pela democracia tem uma história de pelo menos 107 anos, durante os quais clérigos e teólogos se encarregaram da liderança, teorizando movimentos libertadores e mobilizando o povo, os intelectuais e os ativistas civis.
A conjuntura histórica contemporânea iraniana está dividida em três momentos importantes: a Revolução Constitucional, a formação do governo do Mossadegh e a vitória da Revolução Islâmica.
A Revolução Constitucional em 1906 gerou grande expectativa no povo iraniano no sentido de gozar de um Estado de Direito. Suspensa em 1921 por um golpe de Estado planejado pela Inglaterra, deu lugar a um regime ditatorial instalado por Reza Pahlavi.
O governo de Mohammed Mossadegh, com o apoio do grande aiatolá Kachani e dos movimentos sociais, revitalizou a Constituição por meio de uma luta contra a colonização. Nacionalizou o petróleo, provocou a fúria das potências.
Em 8 de agosto de 1953, Mossadegh foi destituído do poder por um golpe de Estado planejado pelos EUA e pela Inglaterra. Ao apoiarem o xá Reza Pahlavi, fizeram do Irã sua principal base no Oriente Médio.
Como continuidade do processo democrático, em 11 de fevereiro de 1979, ocorreu a Revolução Islâmica, com a liderança do aiatolá Khomeini. Nos 34 anos que se sucederam, as tentativas do Ocidente de lidar com a Revolução Islâmica reforçaram a nossa luta pela soberania contra a intervenção estrangeira.
A imposição da guerra contra o Irã, amplas e injustas sanções, assassinatos de cientistas e dignitários, o apoio a grupos terroristas e a cobertura pejorativa da mídia fortaleceram as aspirações da revolução.
O paradoxo é que a maioria dos atuais aliados dos EUA na região são países não democráticos. O povo iraniano considera a ingerência externa como a principal ameaça à sua democracia. Por isso, questiona se a tentativa de influenciar o processo eleitoral do Irã tem o mesmo intuito do passado de assegurar os seus interesses e ir contra os nossos.
Durante os últimos 34 anos, foram realizadas mais de 30 eleições no Irã. Elas têm ganhado repercussão internacional, inclusive entre altas autoridades ocidentais. Seria incompleta um análise que não incluísse a Constituição e o funcionamento das instâncias encarregadas do processo eleitoral no Irã.
Naturalmente, cada país adota um procedimento legal diferente para campanhas eleitorais e não há um modelo-padrão universal. A aprovação da qualificação de candidatos no Irã tem o seu próprio mecanismo. Vê-se que alguns países até tentam influenciar na escolha dos nomes dos candidatos presidenciais da República Islâmica do Irã.
Atualmente, estão nos comícios candidatos de diferentes tendências. E vários espectros políticos chegaram ao poder ao longo dos últimos 34 anos. Na eleição de sexta, como sempre, o voto do povo será a primeira e a última palavra.
ALI MOHAGHEGH, 40, é responsável pelo departamento de imprensa da embaixada da República Islâmica do Irã no Brasil
Iranews.com.br
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