Desglobalização, subproduto do capitalismo decadente

por Edilson Silva

Não é novidade a existência de grupos neofascistas bem organizados na Europa. Em qualquer tempo é possível se encontrar pequenos grupos de fanáticos racistas buscando difundir sua estreita e absurda visão de mundo. Contudo, as crises econômicas do capitalismo, cada vez mais profundas e freqüentes, e que atingem sempre e cada vez mais o nível de emprego e de vida das populações, acabam servindo como um poderoso adubo para a proliferação destas e outras insanidades.


França e Áustria, por exemplo, experimentaram recentemente eleições em que coalizões de extrema direita, com plataformas políticas ancoradas em propostas xenófobas, foram muito bem votadas, chegando ao segundo turno das eleições presidenciais na França e ocupando espaços relevantes no parlamento. O governo de Berlusconi na Itália se apóia em setores de extrema direita, principalmente do norte da Itália. O governo da Suíça, como muita gente já sabe hoje, por conta do episódio com a advogada pernambucana, é uma coalizão habitada também por neofacistas.

A explosão da grave crise econômica atual vem exacerbar este quadro. Mais desemprego, mais desesperança, mais desespero. É o terreno fértil para se massificar a idéia de que os culpados pela crise não são o capital e seu regime, mas sim os estrangeiros, os imigrantes, buscando-se assim empurrar o problema para fora das fronteiras do país, ou então restringir a crise, em sua forma de desemprego, àqueles que estão fora de sua pátria.

Daí a se massificar um ideário em que os imigrantes são cidadãos de segunda categoria, uma espécie de subraça, responsáveis também pela violência e criminalidade crescentes por causa da crise, é uma consequência quase natural nesta lógica insana. Daí para a criminalização de indivíduos e comunidades pelo simples fato de serem imigrantes, incentivando ou tolerando a violência contra estes, é um pequeno passo. Para se concluir que mesmo a existência da pátria alheia é também parte do problema é uma questão de tempo.

É o mundo às portas da barbárie, a bordo de uma carruagem cambaleante e desgovernada, pilotada por um comandante chamado mercado. Já vimos onde isto vai parar, num passado bem pouco recente.

O futuro da humanidade não está na desglobalização, como tem sido chamado este processo que mistura perigosamente o crescimento da xenofobia com um nacionalismo protecionista com ares bélicos.

Girar a roda da história para trás significará passar por cima dos patamares civilizatórios alcançados até aqui, no entanto, caminhar para frente, buscando superar positivamente os limites atuais, significará, inevitavelmente, passar por cima da hegemonia da doutrina do capital. A humanidade está mais uma vez diante de uma disjuntiva histórica: socialismo ou barbárie.


Edilson Silva
é presidente do PSOL/PE

http://www.socialismo.org.br/portal/identidades-racismo/203-artigo/767-desglobalizacao-subproduto-do-capitalismo-decadente

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey