Geórgia, Ossétia e a Opinião Pública

Se as pessoas do mundo estão supostas a julgar as acções da Federação Russa através da imprensa com base na informação que é-lhes apresentada, então, seria uma boa ideia começar a partir de um ponto de vista segundo a qual a mídia internacional apresenta a verdade, toda a verdade e não algumas semi-opinadas peças de pseudo-informação, subjectivas, empacotando a história de uma forma sempre hostil a Moscou.

Em primeiro lugar, a dissolução (nunca “colapso”) da União Soviética foi prevista na sua própria Constituição e sob esta Constituição, as Repúblicas que tinham minorias étnicas tinham no acto de secessão realizar referendos para que os respectivos povos pudessem escolher o grau da sua auto-determinação. Geórgia não realizou estes referendos nos territórios da Abkházia e da Ossétia do Sul, enclaves etnicamente russos dentro da Geórgia. Desde então, e depois destas dois territórios terem ganho sua “independência” em guerras com a Geórgia, tem havido numerosas tentativas de encontrar uma solução pacífica da parte de Moscou.

Em segundo lugar, Moscou teve sempre o cuidado de informar o mundo através de uma campanha de comunicação social incansável a partir do seus adidos de imprensa nas suas Embaixadas, segundo a qual o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa tem vindo a prestar informações detalhadas e de forma constante sobre como Moscou negociava uma paz na Ossétia do Sul, salientando sempre a necessidade de satisfazer ambos os lados - Tblissi (Geórgia) e Tskhinvali (Ossétia do Sul). Acontece que o leitor alguma vez encontrou essa informação em qualquer órgão de notícias ocidental? Não, porque foi sistematicamente ignorada num imenso esforço de desinformação. Depois digam que a imprensa no Ocidente é livre e na Rússia, não, e depois dizem que há liberdade de expressão no Ocidente e não na Rússia. Já agora, como explicar os ataques de hackers contra o site da RIA Novosti ontem? Liberdade de expressão? Ou um acto de terrorismo?

Em terceiro lugar, horas depois de anunciar um cessar-fogo, Geórgia incumbiu as suas forças de manutenção da paz a atacar as forças russas da manutenção paz russos na zona, um acto que levanta dúvidas quanto à sanidade do Presidente da Geórgia Mikhail Saakashvili e mais grave, quanto às intenções de Washington, que juntamente com Tel Aviv, tem centenas de conselheiros militares de apoio às Forças Armadas da Geórgia. Como poderia este ataque não ter recebido a aprovação do fantoche-mestre que puxa as cordas de Saakashvili?

Em quarto lugar, as acções da Rússia antes do conflito eclodir estavam na esfera de uma acção legítima e com base jurídica, sob todos os acordos multilaterais e a sua reacção a este acto cobarde de assassínio pelas Forças Armadas da Geórgia continua a ser a de uma força de manutenção da paz, enquanto, ao mesmo tempo, fornece ajuda humanitária para o número crescente de refugiados. Hospitais de campo foram criados, medicamentos e mantimentos estão prontos e estão sendo entregues e Moscou aprovou um orçamento de biliões de RUR para um fundo de reconstrução, uma vez que as forças militares da Geórgia fizeram enormes danos em áreas residenciais em Tskhinvali e da zona envolvente. Contra civis. Evidentemente, prossegue uma operação de punição e liquidação dos elementos que perpetraram esses crimes de guerra, que estão a ser sistematicamente exterminados nos refúgios. O quê é que esperavam? Que lhes dessem medalhas e que cantasse o mundo inteiro God Bless America de mão no peito?

Em quinto lugar, deixem as pessoas do mundo julgar as acções pelo que são, e não pelo que dizem.

Quando o Presidente Bush condenou Moscou por sua reação ser inaceitável, então ele estava dando o seu apoio tácito aos atos de limpeza étnica realizados pelas tropas georgianas nas primeiras horas do seu ataque cobarde a coberto da noite que visaram o coração de áreas residenciais civis na capital?

Quando o Presidente Bush e a Secretária de Estado Condoleezza Rice condenam Moscou, então eles estão dando a sua aprovação para o assassinato de 2.000 civis por Tblissi, o deslocamento interno de outros 40,000? Eles acham bem, então, Tblissi anunciar um cessar-fogo e horas depois começar campanhas de limpeza étnica? Acham bem forças de manutenção de paz atacarem elementos de outras equipas de manutenção da paz durante a sua missão?

Dado o seu historial, com os actos de tortura por parte da CIA, o campo de concentração de Guantanamo, o acto ilegal de chacina no Iraque, o acto de pagar milícias armadas no Iraque para não atacar, negociar com grupos que rotulavam de terroristas, Lynndie England e seus amigos "apenas divertindo-se" enquanto torturaram pessoas em Abu Ghraib, não seria minimamente surpreendente que em condenar Moscovo, Bush e Rice davam sua aprovação à limpeza étnica contra aos russos. O que esperar deles, e do seu regime, afinal?

Entretanto, só se pode esperar e ter a convicção de que alguém em Washington tem um cérebro a funcionar e que este cérebro vê muito claramente a situação pelo que é, a saber, um ataque sem qualquer lógica, e ainda por cima, covarde, por um Tblissi frustrado, usando forças militares contra civis, atacando depois as ambulâncias e os médicos quando vieram ajudar as vítimas, e os casos documentados de crimes de guerra e de crimes contraa humanidade perpetrados pelas forças armadas da Geórgia. Nos próximos dias vão sair. E depois gostaríamos de ver as caras de Bush e Rice.

Deixem as pessoas do mundo julgarem eventos baseados nesta versão verdadeira dos eventos, não no absurdo que está sendo relatado numa imprensa ocidental tendenciosa e tudo menos livre. É risível ler peças de opinião em jornais que nem sequer informaram seu público sobre os eventos nas semanas anteriores a este ataque, e que depois querem que sejam considerados “sérios” e de “qualidade” quando querem atrair a atenção com opiniões ignorantes e insolentes, mal informadas ou então puramente absurdas contra a Rússia. E esses jornais não podem desculpar-se dizendo que não recebiam as informações, porque sabemos que receberam. Decidiram tapar os olhos e desinformar seus leitores.

A verdade nua e crua é que Moscovo tem razão. Fez tudo o possível para evitar o conflito. Os que o começaram foram os georgianos, que vão agora se lamentar-se junto à OTAN. A OTAN faria muito bem ficar calada e ocupar-se dos seus próprios negócios, especialmente depois de ter mentido à Rússia sobre a sua expansão ao Oriente. Tem muitos para gerir – o do ópio no Afeganistão e a rede de distribuição de droga na Europa através dos seus queridos albaneses kosovares mafiosos.

Moscovo não tem medo da OTAN e tem a capacidade para facilmente neutralizar toda e qualquer a situação militar a sua vantagem. Entretanto, não é Moscovo que está tentando provocar.

Timothy BANCROFT-HINCHEY

PRAVDA.Ru

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey