No último fim de semana, o embate entre o presidente venezuelano Hugo Chávez e o rei Juan Carlos da Espanha em cúpula revelou "divergências que fazem parte do jogo democrático" e não deve ser motivo para constrangimento, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira, escreve Reuters.
Em rápida entrevista a jornalistas, Lula defendeu o regime político venezuelano e reclamou, ainda, de o fato de Chávez ser criticado por trabalhar por um terceiro mandato.
"As pessoas se queixam porque o Chávez quer um terceiro mandato. Ora, porque ninguém se queixou quando Margaret Thatcher ficou tantos anos no poder?", afirmou Lula em referência à ex-primeira-ministra britânica.
O presidente citou ainda o espanhol Felipe González e o francês François Mitterrand como líderes que tiveram mandatos longos.
Para Lula, Chávez pode ser criticado por "qualquer outra coisa", mas não por não ser democrático.
"Que eu sei, na Venezuela já teve três referendos, já teve três eleições não sei para onde, já teve quatro plebiscitos (nós últimos cinco anos)".
"Eu acho que democracia a gente submete aquilo que a gente acredita ao povo e o povo decide e a gente acata o resultado, porque senão não é democracia."
O rei Juan Carlos mandou Chávez calar a boca publicamente no último sábado durante reunião da cúpula Ibero-Americana depois que Chávez chamou de "fascista" o ex-primeiro-ministro José María Aznar.
"Eu não acho que houve exagero", afirmou Lula, frisando que as divergências entre países democráticos são frequentes.
"Essas coisas acontecem. A diferença foi que o rei estava na reunião, quem falou cala-te foi o rei, não foi um de nós (presidentes) porque entre nós divergimos muito", acrescentou.
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter