Uma comissão da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou esta quinta-feira ( 10) uma declaração qualificando de "genocídio" o massacre dos armênios pelo Império Otomano.
A declaração foi aprovada pela Comissão das Relações Exteriores da Câmara por 27 votos a favor e 21 contra, e deve ser agora objeto de votação no plenário, segundo informa AFP.
É o primeiro passo dos EUA para aceitar o "genocídio" dos armênios. As actuais autoridades turcas reconhecem que o massacre foi cometido mas recusam-se a admitir que se tenha tratado de genocídio, pois muitos muçulmanos e cristãos também foram vítimas.
A resolução tem ainda que passar pela câmara dos representantes e pelo senado para ter validade. O presidente tem poder de veto.
O reconhecimento do genocídio pela Turquia é a essencial condição da integração do país na União Europeia, recentemente adiada por essa razão. Os países da Europa como Alemanha e Áustria já admitiram o genocídio do povo arménio pelo Império Otomano.
O texto americano diz que o massacre de armênios durante a Primeira Guerra Mundial deve ser totalmente reconhecido pelos Estados Unidos, que consideram a Turquia como um de seus principais aliados.
O departamento americano de Estado reagiu manifestando sua "decepção" e assinalando que a "Turquia é um dos mais importantes aliados dos Estados Unidos".
Segundo o subsecretário de Estado, Nick Burns, a administração americana vai contactar Ancara para comunicar imediatamente que o governo "desaprova este texto".
O porta-voz do departamento de Estado Sean McCormack destacou que "esta resolução não pode envenenar as relações entre Estados Unidos e Turquia e os interesses americanos na Europa e no Oriente Médio".
Bush já havia declarado mais cedo que uma declaração deste tipo afetaria significativamente as relações entre Washington e Ancara.
A Turquia integra a Otan, e constitui uma base essencial para o Exército americano em suas operações no Iraque e Afeganistão.
O presidente turco, Abdullah Gul, reagiu declarando a decisão "inaceitável".
"Esta inaceitável decisão do comitê (...) não tem validade nem credibilidade para o povo turco", disse Gul à agência de notícias Anatolia.
Os armênios afirmam que 1,5 milhão de pessoas morreram durante a Primeira Guerra Mundial por deportações sistemáticas e execuções sob o Império Otomano, mas a Turquia garante que entre 250.000 e 500.000 armênios e um número igual de turcos morreram devido a uma guerra civil.
"Os amigos não deixam que seus amigos cometam crimes contra a humanidade", disse o representante republicano por Nova Jersey Christopher Smith, sobre as advertências contra a resolução emitidas por Bush, a secretária de Estado, Condoleezza Rice, e o secretário de Defesa, Robert Gates.
Comentando a posição de Bush e Rice, o democrata Gary Ackerman destacou: "nos disseram que não é a hora certa, mas também não foi a hora certa para os armênios em 1915".
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