A resposta pela Hezbollah à Resolução do Conselho de Segurança da ONU na sexta-feira foi lançar 20 mísseis contra Israel, e a resposta de Israel foi lançar incursões de grande envergadura no sul do Líbano, além de mais ataques aéreas assassinas. Contudo, com as preparações para votar sobre a Resolução pelo Parlamento do Líbano hoje e o Knesset amanhã, há esperanças para um fim às hostilidades depois de precisamente um mês de atrocidades de ambas as partes.
Levou o CS da ONU um mês para chegar a unanimidade sobre esta questão, causando o Secretário-geral Kofi Annan a declarar seu desapontamento profundo por ter levado tanto tempo. Contudo, que a comunidade internacional conseguiu mobilizar-se definitivamente hoje, é bom sinal para a reconstrução do Líbano amanhã, depois de ter sofrido biliões de USD em danos à sua infra-estrutura civil, destruído em ataques terroristas israelitas com equipamento militar, além de ver um milhar de civis assassinados.
Por sua vez Israel perdeu cerca de 120 pessoas, maioritariamente soldados, e danos graves em infra-estruturas civis no norte do país, sofridos em ataques terroristas pela Hezbollah.
A Resolução apela a Hezbollah cessar de imediato os seus ataques e ao Israel a cessação imediata de todas as operações militares ofensivas.
Sob o plano, as Forças Armadas de Israel (IDF) se retirem do sul do Líbano o mais cedo possível enquanto as Forças Armadas do Líbano assumem controlo do sul do país, apoiados por uma força de 15.000 pessoas da UNIFIL (Força Interina da ONU no Líbano) com um mandato de um ano e uma esfera alargada de operações, monitorizando a cessação de hostilidades, entregando apoio humanitário e garantindo o retorno de pessoas deslocadas.
A Resolução estipula que a área no sul do Líbano entre a Linha Azul (fronteira) e o Rio Litani será livre de qualquer grupo armado a não ser as Forças Armadas do Líbano e as forças da UNIFIL.
A Resolução de sexta-feira refere à Resolução 1559 de 2004, em que o Conselho apelou para o desmembramento e desarmamento de todas as milícias libaneses e não-libaneses e a Resolução 1680 de 2006, em que o CS apelou para mais esforços para desmembrar e desarmar todas as milícias libaneses e não-libaneses e restaurar plenamente o controlo do Governo do Líbano sobre a totalidade do seu território, provisões estipuladas antes em 1989 nos Acordos Taif.
Quanto à questão dos prisioneiros, o texto apela pela liberdade incondicional dos dois soldados israelitas detidos mas também reconhece a importância da questão das centenas de prisioneiros libaneses detidos em Israel.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU também passou uma Resolução ontem condenando as graves violações dos direitos humanos pelo Israel e vai enviar uma equipa de investigação de alto nível ao Líbano para investigar estes alegados crimes de guerra.
Se a totalidade destas medidas for adoptada, todas as partes ganham algo. Israel garante mais segurança na sua fronteira norte e vê a retirada da Hezbollah desta região, Hezbollah troca dois prisioneiros por 200 e pode dizer que o facto de ainda existir é já uma vitória, ganhando também prestígio pelas pesadas baixas infligidas sobre a IDF, o Governo do Líbano finalmente controla a totalidade do país e a ONU congratula-se por ter conseguido implementar um acordo que funciona.
Por outro lado, como é que levou um mês inteiro para a comunidade internacional agir, enquanto mais que mil pessoas perderam suas vidas, como é que Israel poderia ganhar a batalha de propaganda em perpetrar massacres sem qualquer respeito pela vida humana, como é que a Hezbollah poderia pensar em ganhar algo por lançar mísseis contra áreas residenciais e relançar a questão do seu desmembramento e como é que as famílias de 1,120 pessoas vão esquecer o período entre 12 de Julho e 12 de Agosto de 2006?
Timothy BANCROFT-HINCHEY
PRAVDA.Ru
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