Mais de 150 renomadas figuras das mais importantes correntes religiosas provenientes de quarenta países se reuniram em Moscou, em uma Cúpula que tem como objetivo estabelecer um diálogo global entre forças políticas e comunidades religiosas.
A reunião discutirá nos próximos dias problemas globais como a luta contra o terrorismo e o extremismo , e os esforços pela superação da pobreza.
Discursando ontem na abertura da Cúpula o Patriarca da Igreja Ortodoxa Russa Aleksi Segundo pediu aos líderes religiosos que se unam para "proteger a moral", sem a qual é impossível combater os "conflitos fratricidas, as ameaças terroristas, as manifestações xenófobas e a crise ecológica".
A organizadora da Cúpula a hierarquia ortodoxa adiantou que o fórum não tratará de assuntos teológicos, mas sim da opinião das igrejas sobre o desenvolvimento do mundo às vésperas da reunião dos líderes do grupo dos países mais ricos do mundo mais a Rússia (G-8), que será realizada em São Petersburgo.
O presidente Vladimir Putim no seu discurso , chamou esse encontro mundial dos líderes religiosos de acontecimento demandado e oportuno.
Há quem tente dividir o mundo em função da religião professada ou origem étnica, meter uma cinha, principalmente, entre as comunidades critâ e islâmica. O mundo é de fato provocado para um conflito entre as civilizações. Urge adquirir plena consciência acerca das sequelas catastróficas que uma tal confrontação pode acarretar , disse.
Foi justamente para impedir tal enfrentamento que líderes das principais religiões mundiais se reuniram em Moscou. Um diálogo de representantes do Cristianismo, Islamismo, Budismo e Judaísmo está decorrendo pela primeira vez a uns dias de uma cúpula dos dirigentes políticos do G8, marcado para meados do corrente em São Petersburgo. Desse modo, os altos dignitários recebem uma oportunidade única para levar ao conhecimento dos políticos sua visão comum em relação aos problemas mais graves do mundo contemporâneo e lhes oferecer sua participação e sua ajuda na resolução dos mesmos.
O mitropolita Kirill, responsável pelas relações exteriores do Patriarcado de Moscou ,em representação da Igreja Ortodoxa Russa declarou que, a maior ambição nossa é que essa coesão resulte não de ameaças e sim de uma possibilidade de ação criativa comum, pela que se entende, em primeiro lugar, um reforço da moral na sociedade.
A sociedade contemporânea muitas vezes não pode oferecer aos seus cidadãos um ideário nobre sobre o sentido da vida afirmou o mitropolita Kirill. O consumismo, a agressão e o egoísmo estão sendo alardeados como uma norma de vida. Isso aproveita às forças extremistas. É preciso privá-las desse terreno fértil. Os líderes religiosos, portanto, podem dar uma constribuição para o reforço da moral e, consequentemente, para a batalha contra o terrorismo e o extremismo.
O chefe do Conselho de Muftis da Rússia, Ravil Gainutdin, pediu que a ONU aumente a cooperação com os líderes religiosos, enquanto o Grande Rabino israelense, Yona Metzger, pediu que o fórum "condene" aqueles que se recusem a reconhecer o direito de existência de Israel.
A Igreja Ortodoxa Russa não convidou o Papa Bento XVI para a Cúpula, sob o argumento de que uma visita à Rússia do líder da Igreja Católica é um acontecimento histórico que não pode ser misturado com outras atividades.
Há anos o Patriarcado de Moscou se opõe a uma visita papal à Rússia, sob a acusação de que o Vaticano exerce uma política de proselitismo agressivo pela abertura de templos católicos em territórios ortodoxos.
Ao mesmo tempo, a presença em Moscou de uma ampla delegação do Vaticano, liderada pelo cardeal Walter Kasper, presidente do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, foi interpretada como uma boa oportunidade para impulsionar o diálogo entre as duas igrejas.
"É evidente que nos dividimos em alguns momentos ao longo da história; mas estamos trabalhamos juntos para superar estas dificuldades", disse o cardeal Kasper, que afirmou ter esperanças de realizar uma reunião especial com o metropolita Kirill.
O Dalai Lama também não foi convidado ao evento, supostamente para não atrapalhar o início de "uma possível negociação entre o líder espiritual tibetano e a China".
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