Temer chegou à Noruega e impactou-se ao tomar conhecimento da suspensão da compra da carne fresca do Brasil pelos Estados Unidos. Ficou ainda mais chocado ao ler a notícia no site da agência de notícias Sputnik, edição em português, em que há uma insinuação de que a decisão dos americanos está relacionada com a sua visita à Rússia (à "União Soviética", conforme informou a página da Web em que se divulga a agenda do presidente), uma retaliação à tentativa de o governo brasileiro ampliar cooperação bilateral entre Brasil e Rússia.
por Fernando Soares Campos
A medida fundamentou-se no fato de que há "recorrentes preocupações sobre a segurança dos produtos destinados ao mercado local", de acordo com um comunicado do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês).
Os órgãos de inspeção alfandegária dos EUA recusaram, nas últimas semanas, a entrada a 11% dos produtos de carne fresca brasileira (nisso não está incluso a negação de visto de entrada nos EUA a jovens garotas de programa e travestis profissionais do sexo). Esse valor é excessivamente superior à taxa de rejeição de 1% das remessas do resto do mundo àquele mercado.
Entretanto Temer não se deu por vencido, precisava encontrar um meio de bajular os noruegueses e, com isso, agradá-los ao ponto em que estes passassem a tratá-lo como um chefe de estado, como ainda não o foi em lugar algum.
Em Oslo, num encontro com empresários da indústria da pesca, Temer foi enfático ao dizer que prefere "mil vezes" o bacalhau norueguês ao português.
Logo Temer foi informado de que, atualmente, o bacalhau consumido em Portugal e exportado por empresas portuguesas é de origem norueguesa.
Silêncio no auditório. Temer pigarreia seu costumeiro pigarro nervoso e continua sua engraxadela pra cima dos noruegueses:
"Mas ninguém pode negar que, aqui na terra do bravo viking Hägar e sua recatada Helga, há uma sensível diferença no preparo do bacalhau em relação ao resto do mundo!"
Fez ligeira pausa e observou que a plateia trocava cochichos enquanto esperava ele completar a fala.
Temer concluiu:
"Almocei hoje uma maravilhosa receita de bacalhau e, como reconhecido gourmet que sou, posso garantir que há incontestável diferença entre o preparo norueguês e o português. O daqui é muito mais saboroso."
Logo, Temer foi informado de que os chefs mais premiados da cozinha norueguesa são portugueses e que ali se usa, preferencialmente, o azeite português.
"Plano B!", soou a voz do marqueteiro brasileiro no micro ponto auricular de Temer. "Plano B!"
Temer pigarreou seu costumeiro pigarro nervoso e, elevando a voz, disparou:
"Quero que saibam que este governo brasileiro está disposto a efetuar a compra de mil toneladas de fígado de bacalhau norueguês!"
"Oooh!", soou a plateia em uníssono, logo seguido de profundo silêncio. Todos queriam saber os detalhes e condições impostas para o fechamento do negócio.
Temer disse que não havia qualquer exigência de contrapartida por parte dos noruegueses e justificou a compra de mil toneladas de fígado de bacalhau:
"Fui criado tomando o nutritivo óleo de fígado de bacalhau, agora quero que a Fiocruz fabrique um genérico de Emulsão Scott, para ser distribuído em todas as escolas de ensino fundamental do Brasil. Uma colher de sopa desse produto fornece e substitui as substâncias nutritivas equivalente às obtidas em um almoço bem reforçado."
"Oooh!", soou a plateia em uníssono.
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