Michel Temer representa um modelo econômico morto

Michel Temer representa um modelo econômico morto

O fundamentalismo neoliberal é o responsável pelo estado de torpor no qual encontram-se os analistas de economia de nossa imprensa. Esses ficavam em seus veículos de comunicação, de forma plácida, a escrever e falar diariamente sobre os benefícios milagrosos do livre comércio, não ingerência do Estado na economia, austeridade econômica e outros dogmas.

Wladmir Coelho

Escreviam para um mundo que desmoronava; a União Europeia, antes do Donald Trump, revelava o fracasso neoliberal através do desemprego, retirada de direitos sociais e fortalecimento do fascismo.

No Brasil, aqueles citados no inicio desse texto, apresaram-se em apoiar uma ditadura do fundamentalismo neoliberal mantendo as aparências democráticas através do funcionamento, não confundir com pleno funcionamento, das instituições. Essas, percebemos diariamente, subiram no telhado ou no avião como queiram.

Em polvorosa a imprensa do Brasil não sabe como explicar aos leitores, muitos iludidos graças a catequese neoliberal promovida em seus espaços, o fim da supremacia econômica e militar dos Estados Unidos e deste fato a necessidade de reorganização geopolítica.

Temos, por isso, a reorganização do modelo de participação no chamado mercado internacional, agora sem a máscara do fundamentalismo neoliberal, incluindo a necessidade de geração de empregos e essa situação implica em intervenção estatal através dos chamados planos econômicos.

Em termos democráticos essa discussão, a geração de empregos, seria acompanhada do debate relativo às condições de trabalho e nesse ponto encontramos o verdadeiro sentido do discurso nacionalista de Donald Trump e seus similares europeus.

Ambos desejam aumentar o número de empregos distantes, contudo, da recuperação salarial e ampliação dos direitos sociais. Desejam manter o controle do maior número possível de mercados, mas sem preocupação nenhuma com a natureza, educação, saúde.

Não vamos criar ilusões; o modelo nacionalista de Donald Trump, do mesmo modo o europeu, inclui elementos da ortodoxia neoliberal de negativa ao acesso dos trabalhadores à saúde e educação. Não foi do nada, por exemplo, a frase no discurso de posse defendendo a diminuição dos recursos destinados às escolas afirmando que muito se gastava no setor com resultados insatisfatórios.

Enquanto isso, em um  mundo de nacionalismos, o governo Temer busca os meios para ampliar a submissão do Brasil aos interesses das corporações multinacionais interessadas, em seus respectivos territórios, na prática antes condenada.

Não foi sem propósito a presença dos representantes das maiores corporações na assinatura do decreto, ainda sem maiores detalhes, que teria retirado os Estados        Unidos do Tratado de Livre Comércio do Pacifico. Livre Comércio; essa ilusão fundamenta o discurso do atual governo brasileiro cuja tradução encontra-se no aprofundamento da base colonial de nossa economia.

Michel Temer, na prática, não vai encontrar no nacionalismo dos Estados Unidos  oposição sua política de base colonial, afinal o modelo Trump mantém a forma colonial de sempre.

O problema, e vamos verificando posições inclusive de empresários nacionais, está localizado no fim do predomínio ideológico do fundamentalismo neoliberal. O fato nacionalismo coloca em debate a necessidade de proteção da economia considerando a necessidade de proteção do mercado interno. Pronto! Encontramos a causa do pânico de nossos analistas econômicos.

Como explicar a venda da Petrobras, uma empresa fundamental à defesa do mercado interno brasileiro? Qual seria a desculpa para manter um modelo de exploração mineral aberto a política econômica elaborada fora do território brasileiro? Existe probabilidade de associar verde amarelismo com negativa da existência do mercado nacional?

Nos Estados Unidos Trump assumiu o discurso nacionalista, mas negou falar em qualidade de emprego, recuperação salarial. Substituiu essa ausência pela defesa da criação de empregos através da reativação de antigos parques industriais.

Para justificar o desemprego, mesmo com eventual reativação dos parques industriais, reforçou o discurso contra os imigrantes somado ao sobrenatural quando transfere para Deus parte dos problemas econômicos. Os supersticiosos seguidores de Trump entendem, como parte destes problemas, a existência de um castigo divino, cuja causa seria o aborto, casamento entre pessoas do mesmo sexo, movimentos feministas e outras falas moralistas.

Em nossa terra temos o discurso de base supersticiosa e moralista em plena ação, mas falta a justificativa nacionalista ao governo.

Temos um caminho a percorrer para garantir aos trabalhadores brasileiros o acesso aos direitos sociais. O fundamentalismo neoliberal apagou dos debates a necessidade de proteção do mercado interno. O governo Temer representa um modelo econômico morto.  

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey