O jornalista Cristóvão António Tó Bragança, ex-adido de imprensa e cultura da Missão Diplomática angolana na Rússia, foi condecorado recentemente, em Moscovo, com a medalha de honra da União dos Veteranos Russos que prestaram serviço em Angola.
Segundo o vice-presidente da organização, o historiador e politólogo Andrei Tokarev, o jornalista Tó Bragança que é o actual adido de imprensa da Embaixada da República de Angola no Japão, foi alvo da distinção como reconhecimento da sua contribuição no reforço dos laços de amizade e cooperação entre os dois países e respectivos povos.
Durante o período em que desempenhou os cargos de adido de imprensa e de cultura da Missão Diplomática angolana na Rússia, entre os anos 2000 e 2007, Tó Bragança coordenou a edição de mais de uma dezena de publicações bilingues (em portugês e russo), destacando-se <<Angola-Rússia:40 Anos Juntos>>, <<Agostino Neto-Poeta Presidente>>, <<Angola, Etnias e Nação>>, <<Cultura Angolana-Visões Complementares>> e <<Angola,30 Anos de Independência>>.
Foi comissário de várias exposições de artes plásticas, acolhidas em Moscovo como significativas acções de intercâmbio cultural que reuniram obras de artistas angolanos e russos como Marcela Costa, Liudmila Varlamova, Álvaro Macieira, Francisco Van-Dúnem <<Van>>, Jorge Gumbe, Viktor Razgulin, Gonga, Kidá, Vitó e Fineza Teta.
A cerimónia de condecoração ocorreu na sede do Instituto África da Academia de Ciências da Rússia, onde Tó Bragança é doutorando em História das Relações Internacionais e Política Externa, desde 2005.
Personalidades como o general Roberto Leal Ramos Monteiro <<Ngongo>>, ex-embaixador de Angola na Rússia e actual Ministro do Interior e o general Agostinho Fernandes Nelumba <<Sanjar>>, ex-chefe do Estado Maior General das Forças Armadas Angolanas e actual vice-ministro da Defesa, já foram condecoradas com a mesma medalha.
Moscovo , 28 de Outubro de 2008 .
Intervenção de C.A. Tó Bragança* na cerimónia de condecoração no Instituto África, em Moscovo, aos 22/10/2008.
Estimado Prof. Vladimr Chubin, Director Adjunto do Instituto África,
Prezado Pof. Andrei Tokarev, Colaborador Científico do Instituto África e Membro da Direcção da União dos Veteranos Russos que prestaram serviço em Angola,
Distintos Convidados,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Antes de mais, quero enaltecer aqui e agora um homem que durante anos dedicou o seu saber a esta nobre Casa de Ciências que é o Instituto África. Um homem que através dos seus estudos viajou em profundidade pelo continente africano, onde por ironia do destino o seu coração deixou de bater há pouco mais de dois anos.
Refiro-me ao professor Lev Ritov, que à data do seu desaparecimento físico prematuro desempenhava a função de chefe do desk África Austral deste instituto e era o meu orientador científico no trabalho de elaboração da minha tese de doutoramento em história das relações internacionais e política externa, que agora, à distancia, tem continuidade sob direcção do Dr. Andrei Tokarev.
Ao evocar a memória do Professor Ritov, peço à todos os presentes que o homenageemos observando um minuto de silêncio.
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
É para mim motivo de grande satisfação receber hoje esta medalha de honra, que me surpreende por saber que a mesma já foi outorgada a personalidades com altas responsabilidades de Estado no meu País, como o general Roberto Leal Monteiro <<Ngongo>>, ex-embaixador de Angola na Rússia e actual Ministro do Interior e o general Agostinho Fernandes Nelumba <Sanjar>, ex-Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas Angolanas e actual vice-ministro da Defesa.
Com a modéstia e a sinceridade que me caracterizam devo dizer que me sinto honrado e bastante sensibilizado pelo facto da Direcção da União dos Veteranos Russos que prestaram serviço em Angola tomar a decisão de me atribuir tão sublime condecoração, a qual agradeço do fundo do coração.
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Certo dia, aqui em Moscovo, em conversa com o meu amigo de longa data e hoje embaixador de Angola na Rússia, Samuel Tito Armando, ele recordou um provérbio russo segundo o qual << os amigos conhecem-se na desgraça>> (druziá paznaiotça v bedié).
Para nós em Angola também é válido este provérbio. Dizemos nós que os amigos conhecem-se nas horas difíceis.
E este acto tem lugar numa hora difícil para mim, num momento em que ainda me encontro em convalescença, após ter tido ontem, Terça-feira, alta do hospital onde fui submetido a duas intervenções cirúrgicas, em menos de duas semanas, a fim de recuperar plenamente das lesões que contraí há dois anos na sequência de um brutal acidente de viação ocorrido aqui em Moscovo e que produziu uma vítima mortal, o motorista da viatura em que seguíamos.
Por esta razão, esta cerimónia constitui para mim também um memorável acto de solidariedade da União de Veteranos e dos ilustres presentes, que agradeço profundamente.
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
No universo de falantes da língua portuguesa é comum dizer-se << quem canta seus males espanta>>. Mais do que uma rima, esta expressão encerra no meu entender um sinal de esperança. Esperança em dias melhores para todos.
E quero terminar cantando extractos de uma canção russa, muito famosa, intitulada <<Esperança>> (Nadejda) que aprendi em Lvov, na Ucrânia, na década de 80 do século passado (XX), com as minhas primeiras professoras de língua russa, Zoya Lossi e Liudmila Mefodvena Sheveshenko.
Svetit neznakomaia zvedá,
Muito Obrigado!
*Cristóvão António <<Tó>> Bragança, ex-Adido de Imprensa e Cultura da Embaixada de Angola na Rússia. É, desde 2007, Adido de Imprensa da Embaixada de Angola no Japão.
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