Químico vendeu a formula do leite adulterado para onze empresas

As investigações da Polícia Federal  concluíram que o leite  produzido nas fazendas era vendido para as cooperativas Casmil e Cooperativa dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande (Coopervale) (MG). Ali ele era adulterado com dois objetivos: aumentar o volume e mascarar a má qualidade do produto.

 Mas o engenheiro químico suspeito de inventar a fórmula do leite adulterado disse à PF que trabalhou para outras nove empresas de laticínios no interior de São Paulo e Minas Gerais, além das duas cooperativas supostamente envolvidas no esquema, segundo as informações do Fantástico. As cooperativas colocavam água oxigenada e soda cáustica no leite que era vendido a outras empresas e aos consumidores.

O delegado da PF Ricardo Ruiz da Silva disse que através de depoimentos foi possível chegar até o engenheiro químico. "No decorrer do interrogatório, percebemos que mais de 15 interrogados indicavam como sendo um químico do estado de São Paulo que teria fornecido a fórmula", contou.
"Imediatamente representamos ao juiz federal, que concedeu o mandado de prisão e procedemos a prisão desse químico", completou.


Um funcionário que trabalhou durante 20 anos em uma das cooperativas envolvidas no escândalo teria sido um dos responsáveis em denunciar o esquema. Ele disse que soube da prática "através de depoimento de outras pessoas".


"Os próprios funcionários começaram a falar entre si. O pessoal estava colocando mistura no leite, soda", completou, ressaltando que a mistura consistia na adição de soda, açúcar, água oxigenada e várias outras substâncias, com o objetivo de fraudar o leite sem deixar vestígios.
Segundo ele, "vários bebiam (o leite adulterado), outros ficavam com medo e nem comentavam muito. "Para pessoas mais próximas da família, eu orientava a não beber leite, esse tipo de leite", contou.

Testes realizados durante a semana apontam que não é possível reconhecer o leite adulterado sem exames detalhados. "Tem alguma alteração de sabor? Não. Tem alguma alteração de odor? Não. Tem alguma alteração de textura? Não. Tem alguma alteração de cor? Não. O consumidor não tem o que fazer neste caso", disse a professora de medicina veterinária da Universidade Federal Fluminense, Eliane Marsico.


De acordo com o responsável pelo Centro de Intoxicações da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Belo, não há riscos graves para quem consumir o leite adulterado.
"Em concentrações pequenas, você pode ter, às vezes, uma sensação de formigamento na boca. Se a pessoa tiver história de gastrite, pode ter um aparecimento de sintomas e provavelmente o que pode acontecer com mais freqüência é uma diarréia posterior", afirmou.

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Author`s name Lulko Luba